29/09/2025 - 18:59
A Braskem (BRKM5) conquistou um feito histórico – no sentido negativo. A empresa petroquímica registrou uma das maiores destruições de valor corporativo do mercado acionário brasileiro nas últimas décadas.
Levantamento realizado pela consultoria Elos Ayata mostra que, após o fechamento desta segunda-feira, 29, a Braskem voltou ao valor de mercado que possuía em setembro de 2009. Com a queda de 5,13% no pregão de hoje, a companhia encerrou o pregão de hoje valendo R$ 5,69 bilhões. Há 16 anos, seu valor de mercado era de R$ 5,68 bilhões.
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A queda recente reflete o receio do mercado após a empresa anunciar que havia contratado assessores para avaliar opções para sua estrutura de capital. Na última sexta-feira, 26, a Braskem divulgou um comunicado informando sobre a contratação dos assessores, acelerando ainda mais a queda no preço de suas ações.
S&P rebaixa nota de crédito
Hoje, a S&P Global Ratings rebaixou a classificação de crédito global da Braskem de “B+” para “CCC-”. “Considerando as condições desafiadoras da indústria e o alto endividamento da empresa, há uma probabilidade aumentada de uma reestruturação da dívida nos próximos seis meses”, disse a S&P.
Segundo a agência, a perspectiva negativa reflete o potencial de um rebaixamento nos próximos seis meses, caso a empresa anuncie um processo de reestruturação da dívida. “A liquidez da Braskem pode diminuir rapidamente dependendo de sua taxa de queima de caixa e da capacidade da empresa de renovar sua linha de crédito rotativo com vencimento em dezembro de 2026.”
A Braskem encerrou o primeiro semestre com uma alavancagem financeira de 10,59 vezes quando medida em dólares, acima do nível de quase 8 vezes de março e do múltiplo de 6,79 vezes do final de junho de 2024.
Perdeu mais que um Pão de Açúcar
Conforme cálculos da Elos Ayata, apenas em setembro, a Braskem perdeu R$ 2,05 bilhões em valor de mercado. No acumulado de 2025 até a mesma data, a desvalorização chega a R$ 3,77 bilhões – montante próximo ao valor de mercado atual da Iguatemi S.A. (IGTI11).
Quando comparada ao auge da Braskem na Bolsa, o contraste é ainda mais expressivo. Em 15 de setembro de 2021, a companhia atingiu seu maior valor de mercado na B3, de R$ 53,8 bilhões. De lá até hoje, a Braskem destruiu cerca de R$ 48,2 bilhões em valor, soma equivalente ao tamanho conjunto de empresas como Equatorial (EQTL3) e Pão de Açúcar (PCAR3).
O gráfico elaborado pela Elos Ayta Consultoria mostra a trajetória da petroquímica nos últimos anos, de uma campeã de valor em 2021 a uma empresa que, em 2025, retorna aos níveis de capitalização que tinha há mais de uma década e meia.
