Os empresários Rubens Menin e João Camargo já não assistem mais o mesmo canal.

Quase três anos depois de Camargo assumir como chairman executivo da CNN Brasil, a empresa anunciou na sexta-feira que o executivo, um dos lobistas mais ativos do País, não faz mais parte de seus quadros.

Recrutado por Menin para um turnaround da empresa, Camargo cortou custos profundamente e manteve uma agenda intensa de representação institucional do canal.

A separação entre os dois vem num momento de crescimento acelerado dos negócios pessoais de Camargo – o grupo de lobby corporativo Esfera e, mais recentemente, a Rede Transamérica de rádio, adquirida em fevereiro da família do banqueiro Aloysio Faria – colocando a família Camargo na disputa pelas mesmas verbas publicitárias e patrocínios corporativos que a CNN Brasil.

Para pessoas próximas à CNN e empresários com trânsito junto aos dois lados, a situação gerou um conflito de interesses insolúvel. “Claro que as entregas e as receitas se misturavam, e os propósitos também,” disse um anunciante do canal, amigo de ambos.

Num País onde a hipertrofia do Judiciário e a polarização da política fazem muitos empresários buscar pontes com Brasília, hoje o negócio mais lucrativo de Camargo é o Esfera, que tomou um mercado que antes pertencia ao LIDE de João Dória e se consolidou como a maior operação de lobby do País, navegando a transição de Bolsonaro para Lula e abrindo até uma Casa Parlamento em Brasília.

Os comunicados oficiais do divórcio foram repletos de elogios mútuos.

Menin disse que Camargo “desenvolveu um trabalho extraordinário” e que “foi uma honra” tê-lo ao lado, “alguém que acreditou no negócio e batalhou muito pela sua consolidação.”

Camargo respondeu no mesmo tom, falando do “jornalismo de primeira linha, de padrão internacional, e uma equipe comercial, de marketing, técnica e administrativa absolutamente comprometida.”