O Banco de Brasília (BRB) e a CNP Seguradora fecharam um acordo comercial que dará à companhia de origem francesa a exclusividade por 20 anos na venda de consórcios e produtos de capitalização nos canais do banco. A operação marca o final da reestruturação da atuação do BRB em seguridade, e mais um passo na diversificação dos negócios da CNP no Brasil.

Com a operação, os ramos em que o BRB atua na seguridade passam a ter vendedores exclusivos. Nos seguros de pessoas, o acordo é com a BNP Paribas Cardif, enquanto a Mapfre atua em seguros habitacional e residencial. Todos estes produtos são vendidos por uma corretora em que o banco é sócio da Wiz.

“Estamos prontos e com portfólio completo, com a perspectiva de fortalecer o nosso papel de banco de principal relacionamento”, disse ao Broadcast o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa. Nos últimos cinco anos, o BRB reformulou a atuação para crescer além do Distrito Federal e diversificar as fontes de receita. A busca de sócios em seguridade é parte dessa estratégia.

Antes, o banco contava com uma corretora própria e o balcão era aberto, o que significa que não havia exclusividade na venda de produtos, e sim um modelo multiparceiros. Segundo Costa, a mudança permitiu um foco maior no desenvolvimento de produtos, o que se refletiu sobre o volume vendido. O BRB ganha comissões diretamente e através da corretora com a Wiz.

No ano passado, os prêmios emitidos pela BRB Seguros chegaram a R$ 1,047 bilhão, um crescimento de 34% em relação a 2022. A contribuição para o resultado do banco chegou a R$ 100 milhões. Dos 7,8 milhões de clientes do BRB, cerca de 300 mil têm produtos de seguridade, o que indica um potencial de crescimento.

Os valores envolvidos no contrato com a CNP não são informados, mas Costa afirmou que as operações feitas na reformulação em seguros destravaram um valor de R$ 3,7 bilhões, distribuído pelos 20 anos de duração de cada parceria.

Diversificação

Para a CNP, o contrato representa mais um passo na diversificação de negócios no Brasil. A empresa desembarcou no País em 2001, através de um contrato de exclusividade de 20 anos com a Caixa Econômica Federal. Após o encerramento, a CNP manteve as vendas de seguros de vida, previdência e consórcios na rede da Caixa, mas foi em busca de novos balcões.

“O DNA da CNP é o do bancassurance (venda de seguros através dos bancos). Fizemos um acordo com a XP e com os Correios, e queremos ter uma representatividade grande nesse modelo de multiparcerias”, disse o CEO da CNP na América Latina, Maximiliano Villanueva.

A operação brasileira é uma das mais importantes para a CNP em todo o mundo. De acordo com o executivo. Os novos contratos levaram ao desenvolvimento de diferentes produtos, dos consórcios a seguros de menor tíquete e caráter popular vendidos através da rede dos Correios. Segundo Villanueva, a empresa superou os resultados da época em que tinha todos os balcões da Caixa.

No ano passado, relata, o faturamento da CNP no Brasil foi de cerca de R$ 35 bilhões, e o resultado foi de R$ 3,7 bilhões. Os números incluem as sociedades com o banco e os negócios feitos fora delas.

Complemento ao crédito

Os dois lados do novo contrato veem no consórcio um produto estratégico. O CEO da CNP na América Latina afirma que os bancos regionais com os quais a companhia tem conversado demandam a oferta do produto, criado no Brasil. “O consórcio virou para nós uma porta de entrada”, disse ele. “Para os bancos, o consórcio não consome capital, e é uma alternativa ao crédito.”

Os consórcios de automóvel e crédito habitacional são ofertados pelas instituições como alternativa aos financiamentos em períodos em que os juros estão altos. Embora mantenha, no crédito imobiliário, taxas inferiores às dos grandes bancos, o BRB vê no produto uma complementaridade importante.

“Em um cenário de taxas de juros mais altas, o consórcio também é um mecanismo importante de planejamento financeiro, de poupança, de busca da realização da aquisição, seja da casa, seja de máquinas, seja do próprio veículo”, afirmou Costa. A capitalização tem apelo similar mas o público-alvo são as classes de menor renda, segundo o presidente do banco.

O acordo entre o BRB e a CNP ainda depende de aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).