02/04/2019 - 16:20
As negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia começam a ganhar novos capítulos dramáticos. Com a proximidade da data limite para chegar a um acordo (12 de abril), e as votações para a composição do parlamento europeu ( 23 e 24 de maio), Theresa May e outros líderes europeus começam a definir suas posições, que começam a ter cada vez menos consenso.
Quem elevou o tom foi Emanuel Macron, presidente da França, que nesta terça-feira (2) se posicionou firmemente contra a extensão da permanência do Reino Unido na União Européia e disse que o bloco não pode “ficar refém de uma crise política no Reino Unido”.
A grande disputa do momento é em relação a três datas. No calendário normal, o Reino Unidos deveria sair do bloco europeu até o dia 12 de abril, cenário improvável uma vez que no cenário local, Theresa May dificilmente conseguirá consenso do parlamento para aceitar uma proposta do bloco, que por sua vez não tem interesse de uma saída sem acordo. A outra data proposta é o dia 22 de maio, um dia antes da votação do parlamento europeu, que evitaria que o Reino Unido tenha que se organizar para isso.
A terceira proposta é encabeçada por Angela Merkel, que defende uma extensão do prazo de negociações entre nove e 24 meses. Neste caso, o Reino Unido teria que participar e organizar suas eleições locais para o parlamento europeu e agir como membro do bloco durante o período, tendo mais tempo para negociar os termos da retirada internamente.
Apesar do apoio alemão ao terceiro caso, a França começa pressionar para uma resolução rápida. “As três rejeições de saída por parte da Câmara dos Comuns do Reino Unido e as três rejeições de planos alternativos coloca o RU no caminho para uma saída sem acordo. Se não é capaz de avançar com uma solução que seja apoiada pela maioria, eles se decidiram, de facto, em sair sem acordo”, disse Macron durante encontro com o primeiro-ministro irlandês Leo Varadkar, que endossou o coro de do presidente francês.
“Parece haver um consenso em Westminster que o voto contra o no deal tira a opção da mesa. Ela ainda está, e o pedido de extensão [do período de permanência do Reino Unidos no bloco europeu] requer unanimidade e não está garantido”, disse Varadkar.
A fim de passar panos quentes nas disputas verbais crescentes, o o presidente do conselho europeu, Donald Tusk, tuitou uma mensagem conciliatória: “mesmo que depois de hoje não soubermos qual será o resultado final, vamos ser pacientes”.