O mercado musical apresentou uma sequência de quedas em suas receitas entre 1999 e 2012 em razão da disseminação do download pirada de canções. Nada parecia mudar a curva para baixo. Até que, em 2013, a direção começou a mudou. – lentamente, é verdade.

Naquele ano, o mercado musical cresceu 0,3%. A razão da guinada, segundo a International Federation of the Phonographic Industry (Federação Internacional da Indústria Fonográfica, em tradução livre), foi o bom desempenho dos canais digitais, que cresceram 9% no ano, contribuindo com US$ 5,6 bilhões dos US$ 16,5 faturados no período. Só os serviços de streaming, por exemplo, faturaram mais de US$ 1 bilhão.

O canal digital, que antes era a razão da queda, tornou-se a tábua de salvação da indústria. Certo? Para uma série de artistas, isso não é necessariamente verdade. Alguns artistas criticam os serviços online pelas quantias que recebem. Cantoras como Adele e Beyoncé e a banda Coldplay, por exemplo, copiam a estratégia dos estúdios de cinema, e divulgam suas músicas primeiro em formato físico, para semanas depois lançar a versão virtual.

A discussão, no entanto, ganhou outro tom nesta semana, quando a cantora americana Taylor Swift retirou todas as suas músicas da empresa de streaming sueco Spotify, a principal plataforma desta área. Ao mesmo tempo, ela lançou o álbum “1989”, que é o mais vendido do mercado mundial desde 2002, com 1,28 milhões de cópias.

A disputa entre Spotify e Taylor Swift aconteceu após a cantora solicitar que a plataforma disponibilizasse suas músicas apenas para clientes que pagam mensalidade para acessar aos serviços de música.

O Spotify, assim como a maioria dos serviços do gênero, trabalha com uma versão gratuita, que se sustenta por meio da publicidade, e outra paga. Os usuários da versão paga remetem uma taxa de royalties maior para os músicos.

Segundo a produtora Big Machine, que cuida dos direitos da cantora, o streaming de músicas não é interessante para Taylor, especialmente no modelo gratuito.

Números da consultoria americana Statista mostram que o streaming ainda rende menos que a compra de músicas digitais, por exemplo. Mas a curva de ambas as tecnologias vão em direções contrárias. Enquanto o streaming cresce, o download pago perde espaço.

A grande questão a ser trabalhada pelas plataformas de streaming acaba não sendo seu crescimento. Convencer os clientes a pagarem pelo conteúdo, o que aumentaria o faturamento destas companhias, é o principal dilema sobre a mesa.

O Spotify, por exemplo, tem 40 milhões de usuários, mas apenas um quarto deles paga. O Pandora, a maior plataforma de áudio na rede, tem 70 milhões, mas menos de 10% concorda em gastar um valor mensal.

Na sua imensa maioria, os usuários ainda preferem receber publicidade e não pagar nada.
“As pessoas gostam bastante de músicas”, diz James L. McQuivey, analista da consultoria americana Forrester Research. “Mas poucas estão dispostas a gastar dinheiro com isso.” De acordo com McQuivey, ainda existe uma cultura de que a música é gratuita.

Essa cultura da gratuidade começou a ser disseminada no final dos anos 2000, pelo Napster, plataforma criada pelo americano Sean Parker. À época, ele entrou em conflito com grandes nomes da música. Hoje, o Napster se legalizou e vende músicas na rede também via streaming.

O número de empresas brigando por esse mercado também é um complicador. E é uma disputa de companhias de grande porte. Deezer, Spotify, Pandora, Rdio, Rhapsody, Google, Xbox Music, da Microsoft, e o Music Unlimited, da Sony, são alguns dos principais nomes disputando uma fatia de mercado.

A tendência apontada em consenso por todas as consultorias de tecnologia é que o número de pessoas que usam plataformas de streaming vai aumentar com o passar do tempo. Com mais usuários e maior faturamento, as empresas podem repassar maiores valores para os artistas.

Por enquanto, alguns já aprenderam a ganhar dinheiro com o novo formato. Exemplo da empresa Kobalt, do Reino Unido, que tem entre seus artistas Björk, Lenny Kravitz e Paul McCartney. Em outubro, ela faturou mais com o streaming de músicas no Spotify do que com o download via iTunes.