20/02/2002 - 7:00
O lançamento do Genius, em 1980, anunciava: ?o computador que brinca?. Em 1983 seria a vez do robô Arthur revolucionar o mundo das crianças, com dezenas de frases prontas e mobilidade por controle remoto. Agora, quase 20 anos depois, os brinquedos ganharam sensor infravermelho, falam e tiram fotos. A digitalização dos brinquedos é tamanha que a feira internacional do setor, que aconteceu há duas semanas em Nova York, mais parecia um evento de tecnologia. Gigantes como Sony, Siemens e Microsoft têm laboratórios voltados especialmente para o entretenimento. E não é por brincadeira: estima-se que 40% da receita de entretenimento nos Estados Unidos, que movimenta US$ 23 bilhões, já vem dos equipamentos digitais. ?São produtos caros, de alto valor agregado, que costumam atrair adultos também?, comenta Aires José Fernandes, diretor de marketing da Estrela. A companhia acaba de trazer para o Brasil o i-Cybie ? um cachorrinho-robô que custa nada menos que R$ 1,5 mil. O animal tem sensores infravermelhos que respondem a comandos de voz e ao controle remoto. Late, coça a orelha e fica triste quando é ignorado.
No Brasil esses superbrinquedos só chegam via importação ou licenciamento. Mesmo os aparelhos adaptados à língua portuguesa vêm prontos, sobretudo da China. A distribuidora brasileira Gêmini, que tinha 100% da sua receita baseada em bichos de pelúcia, viu esse número cair para 30% nos últimos dois anos. Os 70% restantes foram preenchidos com os eletrônicos. A empresa tem 20 anos e nunca os digitais estiveram tão fortes em seus resultados. O carro-chefe das vendas é o Power Notebook, um minicomputador para crianças a partir de três anos: tem 80 atividades nas áreas de gramática, música, matemática e jogos. Embora custe R$ 200, ele sumiu das lojas no último Natal. O faturamento da Gêmini com esse tipo de brinquedo cresceu 60% em 2001. ?Estamos sempre de olho nas feiras internacionais. É lá que encontramos lançamentos e novos fornecedores?, diz Angélica Silva, diretora comercial da Gêmini.
Reação. Os cyberbrinquedos seguem um novo conceito para a diversão infantil, cuja palavra-chave é a interatividade. ?As crianças estão presas em apartamentos, precisam de um companheiro, um brinquedo que reaja?, diz José Fernandes. Exemplo disso é o Web Estrela: por fora parece um urso de pelúcia qualquer, mas conta histórias e se conecta à internet. Quando o conteúdo acaba, é só fazer o download de novos contos pelo site da Estrela. Outra que apostou nos brinquedos moderninhos foi a Mattel: no ano passado, as vendas com eletrônicos subiram 58%, graças a um computador infantil, da Barbie. ?As pesquisas mostram que as meninas querem copiar os pais?, diz Erica Jacomeli, gerente de marketing da Mattel. A empresa é a responsável pela marca Barbie no Brasil e tem em sua linha o laptop da boneca. Em três meses, as lojas venderam 30 mil unidades ? o que é considerado uma boa marca para um produto de R$ 200. ?Estamos no mesmo caminho da informática. Agora, os preços só tendem a baixar?, diz o diretor da Estrela.