29/01/2019 - 16:02
A tragédia de Brumadinho acontece em todos os sentido. Para além das 65 mortes confirmadas e 288 desaparecidos, o impacto econômico na região pode ser brutal para sua reconstrução. Segundo estudo realizado pelo biólogo Renato Ramos com o geólogo Sófocles de Assis, a lama da barragem pode atingir outros 18 municípios além de Brumadinho, podendo afetar a vida de mais de 800 mil pessoas das cidades de Betim, Curvelo, Esmeraldas, Felixlândia, Florestal, Fortuna de Minas, Igarapé, Juatuba, Maravilhas, Mário Campos, Morada Nova de Minas, Papagaios, Pará de Minas, Paraopeba, Pequi, Pompéu, São Joaquim de Bicas e São José da Varginha.
Para além do impacto ambiental, a suspensão da mineração pode causar enorme choque na economia das cidades de uma região que depende muito da mineração. Minas Gerais é hoje o estado que mais arrecada através de royalties de mineração através da Compensação Financeira pela Exploração dos Recursos Minerais (Cfem), tendo repassado aos seus municípios R$ 1.311.277.683 em 2018.
Em levantamento feito pela DINHEIRO, a suspensão das atividades mineradoras nas cidades atingidas pela lama de Brumadinho tiraria mais de R$ 68 milhões dos municípios em um ano – uma fração de 0,1% perto dos R$ 71 bilhões de desvalorização da Vale apenas no primeiro dia útil após o acidente. Os casos mais críticos aconteceriam em Brumadinho, que perderia 60% dos recolhimentos dos cofres da cidade, e Mário Campos, que deixaria de receber cerca de R$ 2,21 milhões dos royalties de mineração.
“Não sabemos como oferecer saúde e educação de qualidade agora. Estamos sem chão. Precisamos de ajuda da Vale, do Estado e da União para que a cidade se mantenha em pé”, disse o prefeito de Brumadinho, Avimar de Melo (PV). O político disse esperar abonos semelhantes aos de Mariana após a quebra da barragem em 2015.
Caixa e BNDES se movimentam
A Caixa Econômica Federal anunciou nesta segunda-feira (28) que vai suspender em até 90 dias pagamentos referentes a crédito pessoal e crédito direto ao consumidor (CDC), além de até 60 dias de carência para 1ª parcela em novos contratos. Tarifas de correntistas e empresas da cidades também serão suspensas por três meses.
Já o BNDES anunciou uma linha de crédito emergencial para os municípios da região, que permite empréstimos até R$ 2,5 milhões, com 90 meses para pagamento e carência de 36 meses para começar a pagar. Os períodos de quitação do empréstimo são definidos pela instituição repassadora. A remuneração desse recurso é vinculada à TLP, a taxa de captação do BNDES criada pela lei em 2017. O BNDES tem uma exposição de mais de R$ 2 bilhões através do crédito indireto nessa região.