A venda de 91% do site de comparação de preços Buscapé para o grupo sul-africano Naspers por US$ 342 milhões, em setembro de 2009, foi um dos grandes momentos da internet nacional.  Uma das maiores transações da história do mercado digital no País, o negócio pavimentou o terreno para a empresa brasileira preparar uma ambiciosa estratégia de internacionalização em 2011. 

 

O destino é a América Latina, região responsável atualmente por 10% do seu faturamento, cujo valor não é revelado. A meta do Buscapé é elevar essa participação para 40% até 2014.  As bases para a empreitada estão montadas.

 

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Romero Rodrigues, do Buscapé: expansão dos 
negócios será feita por meio de aquisições de companhias 

 

A companhia, composta por 12 empresas do setor de comércio eletrônico, já mantém escritórios na Argentina, México, Chile e Colômbia. Nos próximos meses, o Buscapé fincará bandeira em mais um país, o Peru. 

 

“A partir desses cinco escritórios, vamos cobrir 20 mercados latino-americanos”, diz Romero Rodrigues, um dos fundadores e CEO do Buscapé, que foi criado em São Paulo em 1999. A estratégia para a América Latina conta também com o lançamento de uma das empresas do grupo, a SaveMe –  uma agregadora de sites de compras coletivas criada por Guilherme Wroclawski e Heitor Chaves  –, na Argentina, México, Colômbia e Chile até o final de fevereiro. 

 

O caminho principal para a internacionalização é a compra de empresas especializadas em algum tipo de serviço ligado ao comércio eletrônico.“Adquirir companhias pequenas é algo que faz muito sentido em nosso modelo enxuto e de crescimento acelerado”, afirma Rodrigues.“Queremos realizar aquisições de modo constante nos próximos anos.”

 

O mercado latino-americano de comércio eletrônico é modesto, se comparado ao brasileiro. Só para dar uma ideia, o faturamento desse setor na região, em 2010, foi de US$ 9 bilhões.  Esse valor não inclui o Brasil, que, sozinho, foi responsável por um faturamento de US$ 13 bilhões no período. 

 

Para Rodrigues, o fato de a América Latina representar um mercado pequeno não é um problema, mas uma boa oportunidade porque ainda não há grandes competidores nessa área nos principais países da região. “O comércio eletrônico no continente está atrasado em relação ao brasileiro”, diz Rodrigues. “Mas isso indica que esse mercado tem um grande potencial de crescimento.” 

 

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Aparentemente, a julgar pela opinião de especialistas do setor, a estratégia do Buscapé faz sentido. De acordo com Gerson Rolim, diretor-executivo da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, o fato de o Buscapé ter sob seu controle uma série de empresas de diversos segmentos do varejo online confere à companhia uma condição privilegiada em seu plano de expansão fora do Brasil.

 

“Pelo seu histórico e perfil de atuação, o Buscapé tem toda a condição de exportar seu know-how para a cadeia de negócios do setor no restante da América Latina”, afirma Rolim.  

 

O fortalecimento para além das fronteiras nacionais só é possível graças à incorporação pela Naspers, uma organização poderosa, controladora de mais de 20 empresas espalhadas pelo mundo, com braços em negócios que vão da mídia  ao marketing digital.  

 

Com o novo controlador, o Buscapé ganhou a musculatura necessária para alçar voos mais altos. A chegada dos sul-africanos possibilitou em 2010 a aquisição, além da Save.Me , da eBehavior, companhia nacional especializada em análise de perfil dos usuários de lojas virtuais, e da colombiana PagosOnline.net, do setor de pagamentos efetuados pela internet. 

 

As incorporações contribuíram,  juntamente com o  aumento da demanda dos negócios, para que o número de funcionários do grupo Buscapé passasse de 450 para 700 em um ano. “Queremos manter um ritmo acelerado em nossos projetos  nos próximos anos”, diz Rodrigues. 

 

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