O banco BV abriu uma filial em Luxemburgo, país da Europa que reúne sedes de bancos e empresas financeiras globais e que, por essa concentração, se tornou um polo para a realização de captações em moedas fortes. O objetivo do BV é fortalecer a oferta de produtos em divisas estrangeiras, ao se posicionar em um território em que os custos de captação são mais baixos.

O escritório tem dez funcionários, com diferentes nacionalidades, e atenderá exclusivamente aos clientes do atacado e do banco de investimento. O BV tem em Luxemburgo uma licença ampla do setor bancário, mas não há planos de atender ao público de pessoas físicas.

“Temos uma filial em Nassau desde 2002. Vimos uma oportunidade para crescer o negócio de captação externa e de financiamento em moedas estrangeiras”, afirma o diretor de Atacado do BV, Rogerio Monori.

Segundo ele, o acordo entre Brasil e Luxemburgo que evita a dupla tributação de recursos trazidos de lá para cá reduz os custos das operações, o que não acontece com Nassau. Outro fator que reduz os custos é a nota de crédito de Luxemburgo junto às agências de classificação de risco: o cobiçado “triplo A” (AAA), o mais alto degrau de avaliação.

A executiva à frente da unidade, Maria Carolina Furtado, está há dois anos em Luxemburgo para estruturar a operação, que é estudada desde 2019. O BV não informa o investimento total feito no negócio. “Montamos um ‘mini banco’, com um pouco de cada área. A ideia é termos todos os processos necessários para atender aos clientes.”

À exceção de Carolina e da equipe de atendimento aos clientes, os demais profissionais do escritório foram contratados localmente, e são de várias nacionalidades. A ideia foi montar uma equipe versada nas regulações e contextos de mercado tanto do Brasil quanto de Luxemburgo.

O BV tem uma série de produtos voltados ao financiamento de empresas que fazem negócios com o exterior, como importadores e exportadores. “Não estamos trazendo produtos novos, mas sim uma maior competitividade para os produtos que já temos”, afirma Monori.

Estratégia

A abertura do escritório em Luxemburgo complementa a estratégia do BV para o público de atacado, que passou por uma mudança nos últimos anos. O banco passou a focar em empresas de pequeno e médio porte, com faturamento entre R$ 100 milhões e R$ 4 bilhões ao ano. Nas que ultrapassam essa faixa, a carteira tem diminuído.

“Temos mais rentabilidade e potencial de vendas cruzadas neste segmento de empresas intermediárias ou um pouco acima disso”, afirma Monori. No caso das pequenas e médias, o BV tem privilegiado operações como a antecipação de recebíveis, que têm maior segurança.

Entre o segundo trimestre do ano passado e o mesmo período deste ano, a carteira de atacado do BV caiu 9,2% graças a esse foco estratégico. De acordo com o executivo, mesmo com um volume menor, a rentabilidade tem crescido, uma vez que operações com empresas de maior porte costumam ter margens mais baixas.

O objetivo do banco para os próximos anos é aumentar a carteira a partir dos segmentos em que escolheu atuar. “Nosso plano é crescer com rentabilidade. Nossa principal fonte de receita é a venda cruzada. Antes, tínhamos muito mais margens com empréstimos do que serviços”, diz o diretor de Atacado.