06/02/2024 - 19:10
O BV encerrou o quarto trimestre de 2023 com lucro líquido recorrente de R$ 302 milhões, um crescimento de 8,5% em relação ao mesmo período de 2022. No ano de 2023, o lucro do banco teve queda de 21,2%, para R$ 1,154 bilhão, segundo balanço publicado nesta terça-feira, 6.
O banco fechou o ano com R$ 142,657 bilhões em ativos, 15,2% a mais que no final de 2022. O patrimônio líquido caiu 5,5% no mesmo intervalo, para R$ 13,980 bilhões, e o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) foi de 9,4% no último trimestre do ano, um aumento de 0,4 ponto porcentual em um ano.
De acordo com o BV, o ano de 2023 foi de resultados pressionados pela maior inadimplência do segmento de varejo, mas o quarto trimestre mostrou uma inflexão positiva. Os atrasos acima de 90 dias encerraram o ano em 5,2%, aumento de 0,3 ponto porcentual em 12 meses, mas uma queda de mesma magnitude no comparativo com o terceiro trimestre de 2023.
“O quarto trimestre marca a inflexão dos indicadores de carteira”, disse ao Broadcast o CEO do BV, Gabriel Ferreira. “Todos os indicadores de performance de crédito foram melhores que no terceiro trimestre, e acreditamos que esta vai ser a tônica de 2024, muito a partir da dinâmica de originação em veículos.”
A carteira de crédito no financiamento de veículos teve alta de 14,9% em um ano, para R$ 47,2 bilhões, e as concessões no segmento somaram R$ 7,1 bilhões, um recorde histórico para o banco. De acordo com Ferreira, o número mostra a normalização do mercado, com redução dos juros e da inflação e o aumento da capacidade de compra dos clientes, após a volatilidade observada no mercado automotivo após a pandemia da covid-19.
Ao todo, a carteira do banco cresceu 5,7% entre dezembro de 2022 e o mesmo intervalo de 2023, para R$ 87,6 bilhões. No segmento de varejo, ao todo, foram R$ 60,9 bilhões, crescimento de 10,4%, enquanto no atacado, houve baixa de 3,8%, para R$ 26,6 bilhões.
No atacado, o banco continua cauteloso, ao considerar que o ciclo de crédito ainda está em um ponto negativo. “Estamos neste momento no pico histórico de recuperações judiciais no Brasil. Ainda requer alguma cautela”, disse Ferreira, que afirmou que os juros ainda altos pressionam as despesas financeiras das companhias.
O BV encerrou 2023 com índice de Basileia de 15,6%, alta de 1,3 ponto porcentual em um ano, e 4,1 pontos acima do mínimo exigido pelo Banco Central.
Mais receitas
A receita total do BV no quarto trimestre foi de R$ 2,763 bilhões, um crescimento de 8,3% no comparativo anual. A margem financeira somou R$ 2,114 bilhões, alta de 5%, enquanto as receitas com serviços e corretagem tiveram crescimento 20,7%, para R$ 650 milhões.
Na visão do BV, a composição de receitas tende a ganhar cada vez mais participação dos serviços, que são mais rentáveis para o banco porque não exigem alocação de capital, como o crédito. Foi com essa base que, nos últimos anos, o banco passou a desenvolver um relacionamento amplo com os clientes, para além da concessão de financiamentos. Já são mais de 5 milhões de clientes nesta frente.
“A gente tem uma clareza de ter saído muito fortalecido deste ciclo, isso pelas receitas crescendo, e as despesas absolutamente sob controle, crescendo 1% em termos nominais ano contra ano”, disse o diretor financeiro do banco, Ronaldo Helpe.
Graças a essa diversificação de fontes de resultado, o BV acredita que poderá rumar para indicadores de rentabilidade mais próximos a 2021, ano recorde, em que o retorno do banco chegou a 14,5%. “O que se espera é que a gente tenha, nos anos de 2024 e 2025, condições de atingir ou superar os resultados que tínhamos antes deste período mais desafiador”, afirmou Ferreira.