08/12/2017 - 16:02
A eleição para a presidência da Juventude do PSDB (J-PSDB) se transformou em mais uma disputa velada entre os “cabeças brancas”, ala governista do partido, e os “cabeças pretas”, que defendem o rompimento com o governo. Nomeado em julho pelo senador Aécio Neves (MG) para comandar o braço jovem da sigla, André Morais, do Amazonas, tenta na tarde desta sexta feira, 8, se reeleger.
Além de ser próximo do senador mineiro, ele conta com o apoio de Antonio Imbassahy (PSDB-BA), ministro da Secretaria de Governo, e disputa os votos dos 135 delegados reunidos no centro de eventos Brasil 21, em Brasília. O local vai sediar no sábado a convenção do partido.
Seu adversário é Marcos Saraiva, que é ligado aos tucanos paulistas. Nos bastidores do evento, dirigentes da J-PSDB paulista dizem que delegados que apoiam Saraiva foram boicotados pelo partido, que não emitiu parte das passagens aéreas a que teriam direito.
“É muita coincidência que justamente delegados de Estados que apoiam o André não tenham recebido as passagens do partido para vir a Brasília”, disse à reportagem Lucas Sorrillo, presidente da J-PSDB-SP e integrante da corrente Ação Popular, que é ligada ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e ao senador José Serra (SP).
Procurado, o deputado João Almeida (BA), responsável pela organização da convenção, não quis comentar. Atual presidente, Morais assumiu a função em 9 de julho, após a renúncia do então ocupante da cadeira, Henrique do Vale.
A proximidade com Aécio, que encampa a ala mais governista do partido, lhe garantiu uma nomeação na terça, 5, para um cargo na Secretaria Nacional de Juventude, órgão da Secretaria de Governo, comandada por Imbassahy. E ele também é ligado ao prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, pré-candidato a presidente pela sigla contra Alckmin.
Em vídeo publicado no Facebook, Morais defendeu a decisão de Aécio de afastar Tasso Jereissati do comando interino do PSDB. À reportagem, ele não quis revelar suas posições acerca da reforma da Previdência ou do desembarque do governo. Apenas disse que seguirá qualquer orientação do partido.
Já Saraiva é mais ligado ao líder do partido na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), a quem sempre apoiou em campanhas. “Tirando Minas, a gente se dá bem com todo mundo”, declarou, depois de defender o desembarque do governo Temer e a reforma da Previdência (não do jeito que está) – além de fustigar as “posições desagregadoras de Arthur Virgílio e Aécio Neves”.
Morais também criticou caciques do partido, mas não revelou nomes: “A chapa adversária trabalha com caciques políticos ligando e ameaçando jovens de perder o emprego se votarem em mim, espero que não seja preconceito por eu ser do Norte”. O atual presidente só poupou Alckmin, com quem disse ter conversado na última semana e que teria se mostrado equidistante.