12/07/2017 - 21:31
O ex-governador do Rio Sérgio Cabral negou, nesta quarta-feira (12), ser corrupto, ter recebido propina e manter dinheiro em contas no exterior. Cabral foi ouvido pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, em inquérito sobre a Operação Eficiência, que investiga a ocultação de valores em outros países pelo ex-governador.
Durante o depoimento, que durou cerca de duas horas, Cabral admitiu, por diversas vezes, que havia errado e se arrependia, ao usar recursos de caixa 2, mas rebateu as acusações, feitas em delação premiada por outros envolvidos na operação, de que receberia percentuais de propina de empreiteiras e até empresas de ônibus.
“Eu não sou corrupto e não fiz negociação de propina com essas empresas. Agora, essas empresas ajudaram sempre nas campanhas eleitorais. Ajudaram a mim e a outros candidatos. Eu não vivi com o meu salário. Eu errei ao usar o caixa 2”, afirmou Cabral.
O ex-governador rebateu a afirmação, feita na terça-feira (11), pelo doleiro Renato Chebar, também em depoimento perante o juiz Bretas, de que teria US$ 120 milhões em contas no exterior. Cabral admitiu que chegou a ter, no passado, cerca de US$ 2 milhões, em um banco israelense em Nova York, mas que, depois de 2003, nunca mais teve conta no exterior.
“Não é verdade. Imagina se eu ia deixar US$ 120 milhões nas mãos de dois doleiros”, disse Cabral, em referência a Renato e Marcelo Chebar, que já confessaram na Justiça ter lavado dinheiro para ele. Segundo os doleiros, o dinheiro era guardado no Israel Discount Bank.
Em seu último depoimento, Renato Chebar afirmou que era encarregado por Cabral de depositar quantias cada vez mais volumosas no exterior, em parcelas que foram aumentando e chegaram a R$ 500 mil por vez. “Volta e meia, ele mandava dinheiro. Ia ao meu escritório. Eram em torno de R$ 200 mil por mês. Quando ele se tornou governador, em 2007, aí o volume começou a subir, às vezes R$ 1 milhão por mês, e eu comecei a não dar conta do serviço. O maior saldo foi US$ 120 [milhões]”, disse Chebar, na terça-feira.
Confrontado pelo juiz Bretas sobre o motivo pelo qual tantas pessoas o incriminavam, Cabral atribuiu tudo ao desespero das pessoas para se salvar da prisão, onde, segundo ele, reinam a miséria e o desespero humanos.
Antes de Cabral, foi ouvida a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo. Ela negou saber a origem dos recursos do marido e disse desconhecer se ele mantinha contas bancárias no exterior. Adriana cumpre prisão domiciliar em seu apartamento, no Leblon. Cabral está na recém-reformada unidade prisional de Benfica, para onde foram transferidos os presos da Lava Jato no Rio.