07/05/2003 - 7:00
Uma aventura que se equipara a qualquer expedição dos tempos do descobrimento. O tesouro é mais do que ouro, pedras preciosas ou obras de arte. Um dirigível sobrevoa a floresta das abelhas, no Gabão, as vegetações da Tailândia, Filipinas, Vietnã, Coréia, China e África do Sul desvendando cada canto em busca de suas fragrância. De lá vai para a floresta tropical de Madagascar, na África, com 12 mil espécies de plantas. O objetivo é pesquisar todas elas, descobrir novos aromas e assim aguçar os sentidos das pessoas. Deste modo, a suíça Givaudan deixa o um rastro por onde passa. Presente em mais de 80 países, a empresa especializada em aromas e fragrâncias, tornou-se referência mundial quando o assunto é buscar odores que seduzam qualquer pessoa ao redor do mundo. Calvin Klein, Christian Dior, Gucci e até a brasileira
Boticário já se renderam aos refinados encantos da Givaudan. ?Colhemos os aromas exóticos e desenvolvemos em laboratório?, diz Maurício Graber, vice-presidente em aromas para a América
Latina, da Givaudan.
As florestas entregam seus misteriosos odores somente a aqueles que têm paciência em desvendá-los. O dirigível é usado para conseguir alcançar preciosidades escondidas na copa de árvores de mais de 60 metros de altura. Ao sobrevoar esses locais, o aromista joga uma rede e captura frutas e flores repletos de perfumes. Depois de caçados, eles são testados em laboratório durante meses até chegar ao mercado. Em muitos casos, os exploradores demoram meses para conseguir alcançar uma planta cobiçada. ?A flor do amendoim, por exemplo, abre apenas uma vez por ano e ela deve ser pega no exato momento em que exala seus odores?, diz Lúcia Lisboa, diretora de marketing e desenvolvimento de negócios da Givaudan. No Brasil, a empresa ainda não realizou uma expedição como essa. ?Há muita burocracia para explorar a floresta amazônica?, diz Graber. Mesmo assim eles garimpam as fragrâncias brasileiras por terra. As frutas pesquisadas foram frutas nordestinas como seriguela e mangaba. O estudo também abrangeu países como México, Argentina e Chile. Ao todo, mais de 100 espécies regionais tiveram suas características exploradas para que, no futuro, sejam usadas.
Uma pesquisa como essa é importante para saber detectar o gosto regional para empresas multinacionais.. O brasileiro, por exemplo, gosta de laranja mais suave. O argentino prefere algo mais forte. O estudo também é útil para a preservação da natureza. As plantas substituíram fragrâncias extraídas de animais. Hoje, são usados apenas materiais sintéticos evitando a extinção das espécies. Depois de tudo, o perfumista terá o difícil trabalho de mesclar mais de 3 mil tipos diferentes de matéria-prima para criar um perfume único. Tudo deve ser analisado com um olfato apurado como saber em quanto tempo determinada fragrância evapora. Se for rápido, não se preocupe. A Givaudan trata de caçar outras, que duram muito tempo, nos confins do mundo.