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EM BUSCA DE BOAS EMPRESAS: Etlin (à esq.), da Advent, Kandir, da GG Investimentos, e Borges, da AIG Capital, procuram empresas promissoras para investir

 

A sua empresa é bem ajustada e tem alto potencial de crescimento? Então, não se assuste caso um destes senhores ao lado bater em sua porta oferecendo dinheiro. Exímios caçadores de empresas, eles estão treinados para identificar grandes oportunidades entre as companhias nacionais. Levam no currículo as histórias de grandes conquistas e uma mala recheada de dinheiro dos fundos de private equity (capital de risco). Alguns deles vão querer comprar a totalidade da sua participação, como Patrice Etlin, sócio-diretor da Advent International.

Outros, porém, aceitam ser parceiros para contribuir com o desenvolvimento dos negócios. É o caso de Antônio Kandir, sócio da GG Investimentos, e Fernando Borges, diretor da AIG Capital.

 

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Os três disputam os melhores negócios com outros pesos pesados. No início da semana passada, enquanto a Advent formava um fundo de US$ 1,3 bilhão para a América Latina, o GP Investimentos anunciava a fulminante expansão da rede de shoppings BR Malls, empresa que ganhou fôlego financeiro com o aporte de R$ 1,4 bilhão e já briga com os grupos Iguatemi e Multiplan pela liderança no setor.

No começo de julho deste ano, o mesmo GP constituiu um fundo de US$ 1,025 bilhão. ?O private equity vive um momento sensacional no Brasil?, confirma Antônio Gledson de Carvalho, professor da Escola de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas.

Estima-se que no Brasil já foram investidos mais de US$ 10 bilhões em empresas pelos fundos de capital de risco. É um momento diferente daquele vivido há menos de dez anos pelos grupos internacionais. Grandes administradores como Morgan Stanley, JP Morgan e Hicks, Muse, Tate & Furst saíram do País no primeiro sinal

?Antes, os fundos investiam e não tinham como sair. Hoje, o ciclo é completo?, afirma Alberto Tamer Filho, sócio da Axial Consult. Grandes fundos, como o Carlyle e o Blackstone, que recentemente se associou ao Pátria Investimentos, estão muito ativos no País.

 

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Na disputa pelas melhores empresas brasileiras, o eixo São Paulo-Rio de Janeiro está congestionado. Por isso, alguns fundos buscam oportunidades em outras praças. É o caso da AIG Capital, que, em parceria com a GG Investimentos, o banco português Espírito anunciar mais dois grandes negócios. Em caixa, US$ 500 milhões, dos quais US$ 400 milhões para o País e o restante para a América Latina. ?Nós continuamos olhando ativamente o agribusiness e estamos em processo de negociação com uma empresa no interior do País?, diz Borges. Um dos melhores negócios foi a compra de uma participação na GOL em 2003, por R$ 25 milhões. Em 2005, as ações foram vendidas por R$ 250 milhões, um retorno de 900%.

Um fundo de private equity com capital nacional é encabeçado por Antônio Kandir. A GG Investimentos reúne grandes investidores brasileiros, inclusive fundos de pensão. Com R$ 300 milhões para investir, a equipe de 15 analistas da GG tem se concentrado em olhar grandes empresas e não segmentos específicos.

?O Brasil tem empresários talentosos que necessitam de dinheiro para continuar se desenvolvendo?, afirmou Kandir à DINHEIRO na sexta-feira 3. Em 2006, a GG injetou R$ 83 milhões na rede de supermercados Gimenes, de Sertãozinho, que tem 27 lojas em 17 cidades. Participou de um consórcio com a Gávea Investimentos, de Armínio Fraga, para adquirir o controle da Usina Vale do Rosário por R$ 1,35 bilhão. E recentemente participou do consórcio para ficar com o Providência. Kandir não fala sobre a participação na editora Ediouro, outra caça de seu portfólio. Pessoas próximas ao economista garantem que até o final deste ano ele lançará um novo fundo, maior que o primeiro, com montante que poderá alcançar R$ 1 bilhão.

No mercado de private equity, ter uma boa reputação é fundamental para atrair bons negócios. A Advent traz no portfólio a maior transação do mercado brasileiro: comprou a empresa de free shops Brasif por US$ 500 milhões. O negócio foi em parceria com a suíça Dufry, mas mostrou qual é o tamanho do apetite da Advent. O executivo Patrice Etlin indica que tipo de companhias está caçando. ?Buscamos empresas operacionalmente sadias, não investimentos de tendência?, diz. Para convencê-lo de um bom negócio é preciso ter uma empresa de infra-estrutura, do setor imobiliário voltado para a baixa renda e de educação.

Desse novo fundo de US$ 1,3 bilhão, ele calcula que 12 empresas receberão investimento, sendo metade delas brasileiras. Etlin já identificou bons negócios em empresas com faturamento de R$ 100 milhões a R$ 500 milhões. Para tê-lo como sócio, sua empresa precisa ter uma boa geração de caixa e capacidade de crescimento e valorização. O objetivo principal, como nos outros fundos de private equity, é vender mais caro depois. Os caçadores de empresa, quando dão um tiro certeiro, já têm em mente a hora de sair do negócio.