13/04/2012 - 21:00
A cachaça brasileira tem dezenas – talvez centenas – de utilidades e combinações. A branquinha, como é popularmente conhecida, serve para abrir o apetite, é matéria-prima para caipirinhas e batidas, ajuda a combater males estomacais, melhora a imunidade e, dizem os apreciadores, até alegra o coração e ajuda a dormir. Pode ser degustada pura, com mel ou limão. Na terça-feira 10, a presidenta Dilma Rousseff apresentou ao mundo uma nova mistura para a aguardente: cachaça com diamante. Em encontro com o presidente americano, Barack Obama, na Casa Branca, em Washington, Dilma presenteou o líder da maior economia do planeta com uma garrafa da cachaça mais cara do mundo.
Pinga para poucos: a garrafa da Velho Barreiro Diamond
é feita na França, com 211 diamantes.
A Velho Barreiro Diamond, que custa R$ 212 mil, tem armação em prata e ouro, é cravejada por 211 diamantes e envasada em garrafa produzida e decorada na França. No centro do rótulo da embalagem, a bebida traz encrustrada um diamente de 0,7 quilate. Ao todo, são 7,3 quilates de pura cristalina. Segundo a empresa, a bebida é formada por um blend único e especial entre a Velho Barreiro original e uma cachaça de alambique rigorosamente selecionada, produzida na região serrana do Rio de Janeiro, o que garante um sabor suave e harmonizado, com um aroma levemente frutado e adoçado. “Muita gente vai trocar o uísque pela pinga, inclusive Obama”, diz Cesar Rosa, presidente da Velho Barreiro e presidente do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac).
Não será tanta gente assim. O presente de Obama pertence a um lote de apenas 60 unidades, que serão vendidas sob encomenda. A empresa deve direcionar parte da receita a ações sociais. O gesto deve render bons negócios para o Brasil. Depois da propaganda espontânea de Dilma, um novo lote limitado de 12 mil unidades – bem mais barato, é claro (cerca de R$ 160 a unidade) – deve ser exportado para os Estados Unidos a partir de agosto. “O design da garrafa já está quase pronto”, afirma o presidente da Velho Barreiro. A empresa, que exporta para 42 países, espera aumentar em até 8% as vendas para o Exterior.
O reconhecimento do nome “cachaça” nos Estados Unidos torna-se decisivo para a empresa. Rosa lembra que o Brasil buscava o reconhecimento da marca cachaça nos Estados Unidos há pelo menos quatro décadas. As negociações ficaram mais complicadas ainda quando a legislação americana obrigou a colocar a palavra Rum Brasileiro, na etiqueta. Um lobista americano foi contratado pelos fabricantes brasileiros para buscar as brechas legais que permitissem defender a marca “cachaça”. “As conversas só começaram a evoluir nos últimos dez anos”, diz Rosa. Essa obrigação gera, atualmente, uma tributação extra de US$ 4 a US$ 6 para cada garrafa da bebida brasileira entrar nos Estados Unidos.
Colaborou: Carla Jimenez