31/08/2020 - 13:43
O cacique Raoni Metuktire, ícone da luta pela preservação da Amazônia, contraiu o novo coronavírus e foi hospitalizado novamente, embora seu estado geral seja bom, informou o Instituto Raoni nesta segunda-feira (31).
O líder Kayapó, com cerca de 90 anos, recebeu alta há um mês, após dez dias de internação por úlcera gástrica e problemas intestinais.
Uma fonte do hospital Dois Pinheiros, em Sinop, no estado de Mato Grosso, informou à AFP que Raoni foi internado novamente nesse centro de saúde na última sexta-feira.
O Instituto Raoni explicou nesta segunda-feira que a família do paciente pediu para não divulgar a informação até “termos comprovação de que o Cacique Raoni se encontra fora de perigo”.
A nova internação ocorreu por causa de “alterações na taxa de leucócitos no sangue e sintomas de pneumonia. Exames específicos realizados-tomografia computadorizada e sorologia confirmaram covid-19”, diz o comunicado da entidade.
“Seu estado é bom, sem febre, respirando normalmente e sem ajuda de oxigênio”, acrescentou a instituição.
Ao receber alta hospitalar no mês passado, os médicos indicaram que Raoni apresentava um “quadro de profunda tristeza” desde a morte de Bekwyjka, sua esposa e companheira por 60 anos, em 23 de junho.
O líder indígena viajou o mundo nas últimas três décadas para conscientizar sobre a ameaça de destruição da Amazônia.
Raoni já chegou a ser acusado pelo presidente Jair Bolsonaro de estar a serviço de potências estrangeiras.
Em entrevista à AFP no início de junho, Raoni afirmou que o presidente estava tentando “se aproveitar” da pandemia do coronavírus para promover projetos que podem acarretar no desaparecimento dos povos indígenas.
No total, 757 indígenas morreram e 28.815 foram infectados pela covid-19 no país, segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).