30/08/2022 - 2:19
Cada polegada (2,54 cm) extra na circunferência abdominal aumenta o risco de problemas cardíacos em cerca de 10%, de acordo com estudo apresentado no congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, realizado de 26 a 29 de agosto em Barcelona, na Espanha.
Como mostra o jornal britânico The Times, os pesquisadores analisaram, durante 13 anos, as cinturas e a condição de saúde do coração de 428.000 adultos britânicos de meia-idade.
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Eles descobriram que, para cada meia polegada (1,27 cm) a mais, a probabilidade de os participantes serem internados com problemas cardíacos, incluindo enfarte, aumentou 4%. Isso significa que uma pessoa com 104 cm de cintura tem quase 40% mais chances de sofrer insuficiência cardíaca do que outra com 94 cm de circunferência abdominal.
Segundo o estudo, liderado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, o tamanho da cintura é um ótimo indicador de riscos que a obesidade pode causar para o coração, melhor até que o índice de massa corporal (IMC). Isso ocorre porque a gordura abdominal envolve órgãos vitais, liberando substâncias químicas e causando inflamação, revela o The Times.
“O IMC é uma medida de gordura geral, enquanto a circunferência da cintura mede os depósitos de gordura abdominal. A cintura é mais importante no rastreamento de gordura corporal e risco cardiovascular. Sabemos que o tecido adiposo visceral [gordura ao redor dos órgãos do abdômen] é muito ativo e gera fatores inflamatórios que podem causar doenças cardiovasculares”, comenta o pesquisador Ayodipupo Oguntade, principal autor do estudo, citado pelo jornal britânico.
A pesquisa divulgada no congresso europeu analisou dados sobre peso e circunferência abdominal de 428.087 adultos saudáveis, com idade média de 57 anos, que participavam do banco de dados UK Biobank. Durante os 13 anos de acompanhamento, 8.669 pacientes foram internados com insuficiência cardíaca.
De acordo com o The Times, os voluntários foram divididos em cinco grupos com base na circunferência da cintura – o grupo com maior cintura tinha 3,21 vezes mais chances de sofrer insuficiência cardíaca do que o mais magro. Enquanto isso, os participantes do grupo de IMC mais alto tiveram um risco ligeiramente menor: 2,65 vezes mais chance de problema cardiovascular do que aqueles com IMC mais baixo.
Os cientistas alertam que os resultados comprovam que analisar apenas o IMC não é o mais adequado para entender os riscos cardíacos associados à obesidade.
“Uma cintura maior geralmente é sinal de que você tem muita gordura visceral, que fica em torno de nossos órgãos internos e prejudica a maneira como nosso coração e vasos sanguíneos funcionam. A insuficiência cardíaca é uma condição crônica e incurável que piora com o tempo, portanto, essas descobertas reforçam a importância de controlar o peso. As pessoas que carregam mais peso na cintura têm maior risco de colesterol alto, pressão alta e diabetes tipo 2, fatores de risco intimamente ligados a doenças cardíacas e circulatórias”, explica o médico James Leiper, da Fundação Britânica do Coração (British Heart Foundation), que não esteve envolvido no estudo, em entrevista para o The Times.