02/02/2018 - 17:47
As decisões, seja no campo pessoal ou relativas a negócios de grandes empresas, estão sendo tomadas cada vez mais por máquinas, afirmou hoje (2) o cientista de dados Ricardo Cappra, em palestra hoje (2) na 11ª Campus Party Brasil, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo.
Cappra destacou que, nos últimos anos, foram desenvolvidas ferramentas sofisticadas para o consumo da informação. “Começamos criando relatórios para saber o que estava acontecendo. Aí, vieram os sistemas e criamos dashboards [painéis que mostram métricas e indicadores para alcançar objetivos e metas, traçados de forma visual] para chegar à informação. Começamos também a usar os algorítimos, a inteligência artificial, até chegar aos sistemas que são usados atualmente.”
Para o cientista, por este motivo é que as decisões em diversos níveis foram ficando cada vez mais delegadas a sistemas artificiais. Desde os programas e aplicativos, que vão levando seleções de músicas e filmes para os usuários, até as empresas, que baseiam estratégias comerciais nas projeções, feitas a partir de dados coletados na internet e processados por computadores. “O motorista não vai mais precisar determinar a rota que vai fazer, pois o [aplicativo] Waze já está fazendo isso”, disse.
“Nós, humanos, que estamos aqui na ponta, e usamos tudo isso, estamos, na verdade, decidindo menos do que as máquinas. Porque elas têm mais dados, informações, processam isso. E nós, como seres humano, ficamos diminuindo o nosso processo decisório a partir disso. Então, cada vez, transferimos mais o processo decisório para as máquinas, e nos tornamos insignificantes no processo decisório”, acrescentou.
“O nosso próximo passo é a inteligência aumentada. O que significa inteligência aumentada? As próprias máquinas, baseadas nas aprendizagens que ensinamos, tomam as decisões”, disse, apontando em qual direção as tecnologias vêm se aprimorando.“
Neste cenário, Cappra afirma que é fundamental saber se organizar para analisar as informações e tomar decisões, além dos resultados apresentados pelas máquinas. O especialista mostrou exemplos baseados em modelos gráficos, que ajudam a visualizar os padrões fornecidos pelos dados.
Análise e crítica
Para Cappra, é fundamental que as pessoas aprendam a separar as notícias de forma crítica e analítica. “Temos que aprender a consumir a informação certa, para poder analisá-la como um ser humano, que é uma capacidade que a máquina não tem”, afirmou.
O principal evento de internet e tecnologia do país trouxe, ao longo desta semana, debates, oficinas e palestras sobre temas como inovação, ciência, cultura, universo digital e empreendedorismo. A Campus Party termina no domingo (4).