27/03/2015 - 20:00
Os dias têm sido atribulados para o empresário Benjamin Steinbruch, dono da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Ao mesmo tempo que se arrasta na Justiça uma disputa com os acionistas majoritários da Usiminas, Steinbruch também enfrenta uma investigação dentro do departamento de compras da CSN. Na terça-feira 24, três funcionários da empresa foram levados presos quando chegavam ao escritório central da companhia, em São Paulo. O Ministério Público investiga a participação deles num esquema de fraude em compras de materiais.
A abertura de inquérito foi pedida pela própria CSN, em janeiro deste ano. Segundo os promotores, os funcionários vazavam detalhes de processos de compras para alguns fornecedores. Depois que as empresas venciam as concorrências, os executivos recebiam uma fatia do lucro do contrato. O impacto nas contas da empresa ainda está sendo analisado, mas se estima um valor próximo a R$ 3 milhões. No ano passado, a CSN faturou R$ 16 bilhões. “A investigação comprovou que o valor desviado foi utilizado para a aquisição de bens”, informou o Ministério Público, em nota.
A fraude poderia chamar menos atenção, se não fosse a fama de Steinbruch de controlar de perto todos os gastos. É de se imaginar, então, o quanto o caso deve ter aborrecido o empresário. Dessa forma, criou-se mais uma distração para o gestor, que já tem bastante dor de cabeça na disputa que trava junto à Usiminas. Na quarta-feira 25, Steinbruch sofreu mais uma derrota. Ele havia pedido ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) uma liberação especial para indicar, como acionista minoritário, um membro do conselho da Usiminas. Mas não teve sucesso.
O órgão antitruste manteve a decisão de 2012, que determinava que a CSN não poderia influenciar na Usiminas, por conta de ambas atuarem na produção de aço. A alegação da CSN era de que os acionistas minoritários deveriam ter os seus direitos defendidos na assembleia geral extraordinária, marcada para o dia 6 de abril, na Usiminas. O Cade, porém, não aceitou a argumentação. “A situação apontada pela CSN, de uma certa incapacidade dos minoritários de influir no destino da companhia, não se apresenta na realidade”, disse Victor Rufino, procurador-chefe do Cade. “Os minoritários conseguiram convocar a assembleia. Possivelmente, terão a capacidade de exercer os seus votos.”