02/09/2025 - 15:00
São Paulo, 2 – O Brasil deixou de embarcar 508.732 sacas de 60 kg, equivalentes a 1.542 contêineres, de café em julho de 2025, conforme levantamento realizado pela Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) com seus associados. O não embarque desse volume, provocado pelo esgotamento da infraestrutura portuária, impediu que o país recebesse US$ 196,05 milhões, ou R$ 1,084 bilhão, como receita cambial em suas transações comerciais apenas em julho deste ano, considerando o preço médio Free on Board (FOB) de exportação de US$ 385,36 por saca (café verde) e a média do dólar de R$ 5,5279 no mês passado.
O diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, disse em comunicado que não é “saudável” ao comércio exterior brasileiro acumular prejuízos logísticos por causa da infraestrutura defasada do País, a qual vem causando constantes atrasos e alterações de escalas dos navios e, somente em julho, provocou um prejuízo de R$ 4,140 milhões aos exportadores de café com a adição de custos extras com armazenagem adicional, detentions, pré-stacking e antecipação de Gates.
O Porto de Santos, que respondeu por 80,4% dos embarques de café de janeiro a julho deste ano, registrou um índice de 65% de atraso ou alteração de escalas de navios, o que envolveu 118 do total de 182 porta-contêineres. O tempo mais longo de espera no mês retrasado foi de 35 dias no embarcadouro santista.
Em julho de 2025, 51% dos navios, ou 167 de um total de 327 embarcações, tiveram atrasos ou alteração de escalas nos principais portos do Brasil, conforme o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé.
“Iniciamos esse levantamento em junho de 2024 e, desde então, as empresas associadas ao Cecafé acumulam um prejuízo de R$ 83,061 milhões com esses gastos elevados e imprevistos, decorrentes dos atrasos e alteração de escalas dos navios, por falta de infraestrutura portuária adequada nos principais portos de escoamento do café no Brasil”, informou Heron.
Ele comentou, ainda, “estar um pouco mais otimista” com os avanços nas discussões do leilão do Tecon Santos 10. “Em painel de debate promovido pelo Tribunal de Conta da União (TCU), no mês passado, ficamos satisfeitos ao ouvir a manifestação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de não fazer sentido a criação de restrições na participação de interessados no leilão do Tecon Santos 10 e que existem remédios mais adequados para impedir eventuais concentrações de mercado”, disse.
O diretor técnico do Cecafé também destacou que, em audiência pública realizada pela Comissão de Desenvolvimento Econômico (CDE) da Câmara Federal, de autoria do deputado Julio Lopes, ficou evidente a importância de se avançar, com celeridade, no leilão do Tecon Santos 10, sem restrição de participação, para que ele ocorra ainda em 2025 e proporcione condições portuárias adequadas para as cargas nos próximos anos, evitando prejuízos ao comércio exterior do País.