15/11/2025 - 8:00
No início de novembro, o Cup of Excellence 2025 elegeu os melhores cafés do Brasil. Considerada o “Oscar do Café”, a premiação selecionou o que há de melhor em apenas três categorias: Experimental, Via Úmida e Natural. Agora, os vencedores se preparam para vender pequenas quantidades de seu produto em um leilão que será realizado em dezembro.
Em termos práticos, o café enquadrado na categoria experimental é um grão que passa por um processo de fermentação induzido, onde são adicionados microrganismos específicos, como leveduras e bactérias para direcionar o perfil do sabor. Já na via úmida, o café passa por longos processos de lavagem logo após a colheita, para ser descascado e seco na sequência. No sistema natural – o mais comum no Brasil – o café é colhido com casca, quando está plenamente maduro e vai diretamente para a secagem, antes mesmo da remoção da casca.
Infelizmente, pouco desse café que irá a leilão poderá ser apreciado no Brasil. No ano passado, entre os vendedores de cada categoria, apenas um lote foi adquirido por uma empresa brasileira. Os outros dois foram para indústrias da Alemanha e do Japão. O leilão, no entanto, não oferece apenas o café dos vencedores de cada categoria. São leiloados lotes dos 10 primeiros colocados em cada uma das três modalidades.
Ao final do leilão de 2024, os 27 lotes disponibilizados foram adquiridos a um preço médio pouco acima de R$ 12 mil por saca, por 22 empresas, a imensa maioria estrangeira. Historicamente, quando as indústrias adquirem esses café o transformam nos chamados micro-lotes. São tiragens limitadas e numeradas, comercializadas em cafeterias ou até mesmo em embalagens de 250 gramas a valores bastante diferenciados.
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Primeiro lugar em 2024 na categoria Experimental e vencedora da Via Úmida em 2025, a Fazenda Bioma Café espera novamente resultados positivos. No ano passado, a propriedade disponibilizou apenas três sacas de 60 quilos, que foram compradas por R$ 84,7 mil cada uma.

“Eu não sei te responder para onde o café vai, porque ele vai participar do leilão em dezembro e são apenas três sacas. O prêmio nos dá visibilidade e nos ajuda a agregar valor ao restante da nossa produção. Mas seria ótimo vender o restante a esse mesmo valor”, diz Flávio Márcio Ferreira Silva, um dos sócios da Bioma Café.
Segunda geração produzindo café no Brasil, Flávio comanda com seu sócio, Marcelo Assis Nogueira, uma propriedade localizada no município de Campos Altos, a 270 quilômetros a oeste de Belo Horizonte. São 240 hectares, onde são colhidas anualmente pouco mais de 6 mil sacas de café, em uma altitude de 1.200 metros.
Apesar de já atuarem na cafeicultura há bastante tempo, os produtores iniciaram o projeto da Bioma Café em 2011, com foco na produção de cafés de alta qualidade. “Percebemos que tínhamos na região um potencial diferenciado, com terroir, altitude e clima favorável para esse tipo de produto”, afirma Silva.
A fazenda adota manejos regenerativos de solo, insumos biológicos e adubação orgânica, além de um cuidado diferenciado com os funcionários. Do início do projeto até hoje, já foram 38 premiações.
Mesmo que o café premiado da Bioma não fique no Brasil, boa parte da produção da fazenda pode ser encontrada em cafeterias como Moka Clube e Lucca Cafés, em Curitiba, e Elisa Café e Academia do Café, em Belo Horizonte. A outra parte vai para o exterior. Estados Unidos, Canadá e Europa são os principais destinos dos cafés especiais da Bioma Café.
