É provável que em algum momento da vida você foi vítima de um golpe financeiro e depois ficou se perguntando como se deixou levar ou não percebeu a enganação. Até o fim de 2022, os bancos estimam que o prejuízo em golpes deve chegar a R$ 2,5 bilhões, sendo que, aproximadamente, R$ 1,8 bilhão (70% do total) têm relação com o PIX. De janeiro a junho deste ano, as fraudes já somavam R$ 1,7 bilhão, das quais R$ 900 milhões foram PIX.

O psicanalista Gregor Osipoff afirma que a necessidade faz com que a pessoa se descontrole e acha que a solução está numa oportunidade milagrosa e no momento tudo faz sentido, mas só depois que cai na armadilha ela percebe que foi inocente e precipitada. “Primeiramente é o desespero em que a pessoa está sofrendo há um tempo na esperança de que alguma coisa aconteça. Quando alguém faz uma proposta que tenha algum sentido, a vítima vê isso com merecimento, como uma benção, uma forma milagrosa de solucionar a dor. Ela acredita que isso pode ser transformador e a solução, deixando o racional e se apoiando apenas no emocional. Só depois de cair ela percebe que se tratava de golpe. A dor e a expectativas são tão grandes que, no momento, pode fazer sentido”, explica Osipoff.

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Já para Rejane Sbrissa, psicóloga cognitivo comportamental, as pessoas caem em golpes por quererem ganhar dinheiro fácil. “Quando as pessoas veem oportunidade de conseguir um dinheiro fácil, elas entram no esquema, por isso elas caem em golpes. O ser humano que cai em golpe é porque quer se dar bem e ganhar alguma coisa facilmente”, afirma Sbrissa.

Pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Sebrae, mostra que o PIX (70%) é tão utilizado quanto o dinheiro em espécie (71%) e fica à frente dos cartões de débito (66%) e crédito (57%).

A manipulação psicológica de alguém para que forneça informações pessoais e confidenciais tem crescido. Segundo a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), a alta foi de 165% desse golpe desde o início da pandemia. Neste ano, 1 em cada 3 pessoas sofreram, ao menos, uma tentativa deste tipo.

Os golpes envolvem também boleto falso, clonagem (ou sequestro) de WhatsApp, páginas e arquivos falsos para roubar dados (phishing), golpe do falso advogado, falsas centrais de atendimentos e golpe do motoboy. “É inegável e extremamente necessário que o usuário esteja sempre alerta e atualizado para manter seus dados e bens protegidos, além de saber o que fazer e a quem recorrer caso seja ludibriado, afinal, ninguém está livre de ser prejudicado neste quesito”, alerta o advogado e sócio-diretor da Eckermann|Yaegashi | Santos – Sociedade de Advogados, Peterson dos Santos.

Em casos do boleto falso, o Banco Cetelem orienta que é importante fazer um boletim de ocorrência para que o caso possa ser investigado pela polícia e, logo em seguida, notificar o banco ou a empresa que supostamente efetuou a cobrança.