26/06/2025 - 7:30
A complexidade tributária, o excesso de burocracia e o conhecido ‘custo Brasil’ faz com que a Chilli Beans concentre 100% da sua produção em solo chinês – apesar de não ser exatamente o desejo da gestão.
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Caito Maia, fundador e CEO da companhia, conta ao Dinheiro Entrevista que nem recebendo uma fábrica ‘de graça’ a conta fecha, citando que a Chilli Beans sequer considera nacionalizar sua produção.
“Já tentei demais fabricar no Brasil. [Maior gargalo] é tributário. Destrói as empresas. Uma judiação”, comenta.
“Já me ofereceram de presente umas três fábricas, como se eu fosse arrendar. A conta não fecha. O produto se torna mais caro do que o chinês, fabricando no Brasil”, adiciona.
Durante a entrevista, o empresário citou que a companhia chegou a ter 20% da sua produção em solo brasileiro – cerca de 500 mil peças – mas que fechou ‘de tanto tomar porrada e pagar imposto’.
Com isso, a empresa fabrica hoje 100% dos seus produtos em uma operação com cinco fábricas na China, na cidade de Wenzhou, uma cidade da província de Zhejiang com cerca de 10 milhões de habitantes.
Caito Maia conta que pros parâmetros do dragão asiático a cidade, de tal tamanho, ainda é vista como ‘pequena’, mesmo com a população neste volume e com mais de 700 fábricas.
A visão do empresário é que o país é altamente industrializado ao passo que o ‘governo brasileiro não tem visão de fábrica’. “Se quisesse, dava. Se desse incentivo, isenção de imposto, a gente ia voar”, defende.
Caito ainda destaca que a China tem uma posição pró empresários, citando que lá é o único país do mundo em que o governo fez uma seguradora para proteger fábricas.
Nesse sentido, as fábricas são protegidas pelo governo chinês e a Chilli Beans não destina seus pagamentos aos fornecedores, mas sim à seguradora.
Selic atual vai matar o varejo, diz Caito Maia
Caito Maia também não esconde a preocupação com o nível atual da taxa Selic. Para ele, manter os juros no patamar onde estão deve trazer consequências pesadas, principalmente para quem atua no varejo.
“Na minha visão, os juros, do jeito que estão, não é que eles estrangulam, eles sufocam e matam o varejo. Não sei quanto tempo o varejo aguenta com esses juros do jeito que está. E não é o varejo, é a economia brasileira. Esse juro do jeito que está é insuportável. Infelizmente, do jeito que está, vamos ver vários nomes derrapando. Alguma coisa precisa ser feita”, diz Caito Maia.
O empresário deixou claro que considera o ambiente atual insustentável. Segundo ele, se a Selic seguir próxima dos 15% por muito tempo, até empresas consolidadas do setor podem enfrentar dificuldades e que o governo ‘precisa fazer o dever de casa’ para que o ambiente melhore.