17/05/2006 - 7:00
O sobrenome Alcântara Machado é sinônimo, no Brasil, de feira de negócios. A história remonta a 1958, quando o pioneiro Caio de Alcântara Machado realizou o primeiro evento desse tipo no País ? a Fenit, Feira Nacional da Indústria Têxtil. Passadas quase cinco décadas, o primogênito Caio de Alcântara Machado Junior decide seguir os passos do pai. Caíto, como é mais conhecido, carrega o tradicional nome de família. Mas por ironia do destino, só poderá usá-lo na pessoa física. A companhia Alcântara Machado foi vendida para um grupo interno de diretores há dez anos e não pertence mais ao clã. Por isso, a pessoa jurídica, que agora retoma o negócio de organização de feiras, vai ter o desafio de buscar um lugar ao sol sem contar com o peso do sobrenome. O jeito encontrado foi utilizar o título Compacta, que batiza a empresa especializada na montagem de estandes, também herança de família. ?Não temos como competir nos segmentos já consolidados, como os de automóvel, têxtil ou cosméticos?, resigna-se Caíto. ?Estamos procurando, portanto, nichos pouco ou mal explorados.?
De fato, concorrer com eventos do porte do salão do automóvel ou da UD- Feira de Utilidades Domésticas tem grandes chances de se mostrar, mais tarde, uma estratégia suicida. Um olhar mais atento sobre as mais de 200 feiras que ocorrem anualmente no País revelou a primeira brecha: o segmento de motoboys. ?Trata-se de um mercado que movimenta US$ 1 bilhão por ano e que não pode ser desprezado?, observa ele, que pretende faturar R$ 2 milhões durante este primeiro ano. O Motoboy Festival ocorreu no início do ano e contou com shows musicais, gincanas e até uma inusitada eleição da musa motoboy (com direito a contrato com a agência de modelos Mega). Cerca de 80 expositores marcaram presença. No quesito público, porém, a feira não correspondeu às expectativas ? foram 12 mil pessoas ante uma estimativa inicial de 50 mil. A alegação: uma chuva torrencial caiu sobre a capital paulista no dia do evento e, claro, arrefeceu os ânimos de quem queria sair de casa ? ainda por cima, de moto.
O projeto não foi posto na gaveta e o Motoboy Festival terá uma nova versão em 2007. Mas além de rezar para São Pedro, Caíto resolveu, por via das dúvidas, cercar-se de cuidados extras para a próxima empreitada ? a Feria do Estudante, marcada para julho, em São Paulo. Serão três dias de evento durante os quais poderão ser conferidas as novidades na área de educação e, por tabela, ter acesso a cerca de seis mil oportunidades de estágio. Se bem sucedida, a feira representará um marco para Caíto, já que a associação com o CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) prevê sua expansão para todo o território nacional. Para que nada possa dar errado dessa vez, a primeira providência foi firmar uma parceria com a Playcorp, especializada em captação de patrocínios e venda de estandes, sendo responsável, entre outras coisas, pelo Reveillon da Paulista. ?Com essa dobradinha, o evento, que terá como marca a inovação, estará completo?, diz Fernando Elimelek, diretor geral da Playcorp.
Quem conheceu o pai de Caíto, no entanto, sabe que é preciso algo mais para se destacar nesse segmento. ?Alcântara Machado era, antes de tudo, um homem de relações públicas, de grandes amizades?, afirma Armando Arruda Pereira Campos Mello, presidente da União Brasileira de Expositores de Feiras. Fica aí a dica para a próxima iniciativa da lista de Caíto ? a Life Concept, uma feira voltada para o bem-estar e qualidade de vida.
R$ 1,4 bilhão é quanto movimenta o setor de feiras de negócios no País