26/02/2025 - 15:33
A Caixa Econômica Federal não prevê aumentar os juros do crédito imobiliário neste ano, mesmo com as perspectiva de alta da Selic ainda em 2025. Hoje a Selic está em 13,25% ao ano e espera-se que o Banco Central promova aumentos ao longo do ano, terminando o ano em 15%.
“O planejamento de 2025 está fechado com a taxa divulgada. Neste momento, não vejo necessidade de realinhamento de taxa”, disse o presidente do banco, Carlos Vieira, durante apresentação de resultados do banco na manhã desta quarta-feira, 26, na sede em São Paulo.
De acordo com o balanço divulgado na noite de terça-feira, 25, o banco bateu recorde na contratação de crédito imobiliário, com R$ 223,6 bilhões contratados, montante 20,6% maior que no ano anterior. O saldo na carteira de crédito imobiliário em dezembro de 2024 foi de R$ 832,1 bilhões, 13,5% maior que em dezembro de 2023.
A Caixa é líder na modalidade, com 67,2% de participação nesse mercado, tendo financiado 803,4 mil imóveis em 2024.
Vieira também destacou que a decisão do governo de liberar o saldo retido do FGTS para trabalhadores demitidos que haviam optado pelo saque-aniversário não terá impacto no crédito para habitação. “A parte que ficava retida por dois anos [do FGTS do demitido] não são utilizadas para funding [financiamento] do crédito imobiliário”.
Segundo Vieira, o banco vai divulgar toda a alocação dos recursos e fontes, mas que o montante para o crédito habitacional, em torno de R$ 200 bi, “está garantido”.
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Atualmente, a taxa de juros no crédito imobiliário da Caixa está em 12% ao ano. No começo de janeiro, o banco anunciou reajustes na taxa de juros do financiamento habitacional com recursos da poupança. Desde o dia 2 de janeiro, a taxa cobrada subiu de 1 a 2 pontos percentuais para os novos contratos, a depender da modalidade.
As linhas de crédito do Minha Casa, Minha Vida, que financiam imóveis de até R$ 350 mil a famílias que recebem até R$ 8 mil, não tiveram aumento de juros. Nas modalidades do FGTS, as taxas de juros efetivas disponíveis para os financiamentos de aquisição de imóveis são a partir de TR+ 4,07% a.a., de acordo com a renda familiar e localização do imóvel.
Saque-aniversário
O Ministério do Trabalho e Emprego informou que na próxima sexta-feira, 28, o governo federal vai publicar a Medida Provisória (MP) liberando o saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para trabalhadores e trabalhadoras que foram demitidos, entre janeiro de 2020 até a data da publicação, e que, por terem aderido ao saque-aniversário, ficaram impedidos de acessar o recurso.
Segundo o governo, a medida vai beneficiar 12,1 milhões de trabalhadores e trabalhadoras. No total, serão disponibilizados R$ 12 bilhões.
Após esse prazo, os trabalhadores que optarem pelo saque-aniversário e forem demitidos não poderão acessar o saldo, que permanecerá retido.
Os trabalhadores que comprometeram os recursos com empréstimos bancários – por meio da chamada “antecipação do saque-aniversário” – e, portanto, não têm saldo em conta, não serão abarcados pela proposta.
O saque-aniversário foi criado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e entrou em vigor em 2020. O trabalhador que opta por essa modalidade pode sacar anualmente, no mês de aniversário, parte do seu saldo de FGTS.
Em caso de demissão, no entanto, o saldo fica bloqueado para rescisão sem justa causa e só é possível acessar a multa rescisória – diferentemente da modalidade de saque-rescisão, em que é permitido, neste caso, recuperar todo o dinheiro do FGTS.
No saque-aniversário, para resgatar os valores que restaram, o trabalhador demitido precisa aguardar dois anos. É justamente este saldo que a MP vai liberar.
Segundo o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, cerca de 53% dos trabalhadores com saldo em contas do FGTS não aderiram ao sistema aniversário. Entre os 47% que aderiram, no entanto, o ministro afirma que uma “grande parte” não foi devidamente informada que não poderia receber o dinheiro do fundo caso perdesse o emprego.
“Essa liberação é direito dos trabalhadores. Se eles tomaram essa decisão [de optar pelo saque-aniversário] sem ter conhecimento desse castigo, não é justo que eles sejam sacrificados”, afirmou Marinho.