Sem traumas, a Caixa Econômica Federal conseguiu dar um adeus definitivo à Gtech ? empresa envolvida no escândalo Waldomiro Diniz. Criou seu próprio modelo tecnológico de loterias e o Brasil tornou-se o único país emergente a desenvolver um sistema de loterias com know-how, inclusive, para exportar. Ele foi instalado em nove mil unidades lotéricas, distribuídas por 3.628 municípios. Há duas semanas, Clarice Copetti, diretora de tecnologia do banco, exibiu o modelo brasileiro no World Lottery Association, em Cingapura. Na feira, mais de dez países se interessaram pelo sistema. Clarice estima a economia em R$ 400 milhões. O cálculo é simples: se o modelo fosse contratado, não sairia por menos de R$ 500 milhões. ?Considerando que ainda estamos investindo, que compramos máquinas novas e mudamos todo o software, o nosso custo foi de R$ 100 milhões?, explica ela.

A vantagem do modelo da Caixa é que todos os 23 mil terminais possuem um sistema integrado que permite o acesso aos jogos e aos serviços financeiros. Todo o programa foi elaborado em padrão aberto, o que torna simples a reengenharia do sistema quando uma nova modalidade de jogo for lançada. Recentemente, a Caixa conseguiu abrir um novo sorteio para a Loto Fácil e planeja, para março, a Loto Mania. Aliás, prazo é o principal ganho da Caixa na avaliação dos gerentes e supervisores. Com a Gtech, qualquer novo produto levava até dois anos para ser posto em prática, como foi o caso dos depósitos em cartão. Nesse novo modelo, as decisões levam 30 dias para serem aplicadas. ?Mais de 1,6 bilhão de movimentações foram fiscalizadas pelo Ministério Público e reprocessadas, o que garante a segurança do sistema?, diz o gerente Nacional de Jogos, Antônio Carlos Barasuol. ?Fomos audaciosos, mas conseguimos superar as dificuldades, com reconhecimento internacional.