28/01/2018 - 8:11
A Caixa prepara para este início de ano um novo programa de demissão voluntária, depois de lançar mão de dois planos desse tipo em 2017. A redução de custos com pessoal faz parte de uma política de “choque de gestão” na Caixa, iniciada no ano passado e intensificada nas últimas semanas com o afastamento definitivo de três vice-presidentes por suspeita de irregularidades.
Em 2017, o banco estatal recorreu duas vezes a PDVs para enxugar o quadro de funcionários, que hoje beira 88 mil servidores. No primeiro plano, encerrado em março, houve adesão de 4,6 mil colaboradores. Já o segundo, finalizado em agosto, teve 2,7 mil inscritos. Dados do balanço de setembro apontam para uma economia de R$ 500 milhões com os dois programas.
O banco ainda tem cerca de 3 mil funcionários próximos da aposentadoria que se encaixam nos critérios para aderir a um PDV. A expectativa é que haja queda das despesas com pessoal neste ano, cenário que será apoiado por um ajuste operacional que inclui a limitação em 6,5% da folha do custeio do plano de saúde dos funcionários. Segundo o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, o novo PDV deve ter início neste trimestre.
A aprovação de um novo estatuto, instituição de um plano de reforço de capital sem uso do dinheiro do FGTS e a criação de barreiras às indicações políticas para cargos de direção fazem parte da nova política, que tenta corrigir problemas de gestão do banco. Algumas das medidas, principalmente as relacionadas aos apadrinhamentos, já encontram resistência na classe política.
A reforma no estatuto da Caixa teve inspiração na Petrobrás, que também passou por um choque de gestão depois dos casos de corrupção revelados pela Lava Jato, com fraudes em licitações e desvio de bilhões de reais.
Como na petroleira, o ajuste tenta impor uma “mudança cultural”, a começar pela forma de escolha dos dirigente. Na semana retrasada, o banco anunciou que todas as 12 vice-presidências terão seus titulares indicados em um processo de competição interna. É provável até que o número de cargos seja revisto.
A substituição, no prazo máximo de 12 meses, dos vice-presidentes marcará a etapa mais complexa do processo. Os mandatos serão de dois anos, podendo ter recondução de até três vezes e um mandato não coincidente com o do governo. Ou seja, eles permanecerão nos cargos após terminada a gestão do presidente Michel Temer.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o processo de escolha vai mesclar candidatos de fora e funcionários da Caixa. Será aberta inscrição para uma seleção interna e, simultaneamente, uma empresa especializada no recrutamento de executivos será contratada por licitação. O modelo já foi testado na escolha de um diretor, dois membros do novo comitê de risco, um auditor interno e dois integrantes do comitê de auditoria.
A ideia é que, ao longo do tempo, todos os outros cargos de chefia, inclusive os de superintendentes regionais, passem por processo semelhante, mas a conclusão dessas mudanças pode levar anos.
O novo modelo de gestão incluiu também uma política de apetite ao risco. Foi criado um comitê independente para indicar as bases sobre o grau de risco a ser aceito pelo banco nas diversas operações de crédito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.