03/08/2021 - 11:45
O mistério das caixas que aparecem em praias do nordeste brasileiro segue intrigando os moradores. Ao menos oito caixas foram recolhidas na praia do Flamengo, no bairro de Stella Maris, em Salvador, nesta segunda-feira (2), pela Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), com o auxílio de um guindaste.
A Marinha, em parceria com o Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA), irá examinar o material para realizar uma perícia. Em nota, a Capitania dos Portos da Bahia afirmou que objetos semelhantes e sem identificação surgem na região desde outubro de 2018. Esses materiais não apresentam características poluentes.
Mistério desvendado
A origem das caixas supre a expectativa de uma história. Um grupo de pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFCE) diz que o material, encontrado desde 2018, pertence a um navio nazista torpedeado por tropas americanas próximo a Recife em 1944. O navio foi encontrado em 1996, a 5.700 metros de profundidade.
A primeira pista para desvendar o mistério foi localizar a origem das caixas: elas eram “made in Indochina”, antiga colônia francesa onde é o atual Vietnã, Laos e Camboja que foi dominada pelo Japão na guerra e passou a compor o lado do Eixo com alemães e italianos.
“Fizemos uma pesquisa histórica e conseguimos identificar um cargueiro, chamado Rio Grande, que tinha uma carga de borracha com as inscrições referentes à Indochina Francesa”, explica o professor Carlos Teixeira. O navio alemão tinha nome brasileiro para despistar inimigos entre os Aliados.
Os cientistas ainda trabalham com a hipótese de que esse navio seja o responsável pelas manchas de óleo que apareceram em diversas praias do nordeste.
Verão da Lata
Muitos banhistas e internautas rapidamente lembraram do famoso “verão da lata”, quando as primeiras 18 latas de 1,5 kg foram encontradas boiando próximas ao litoral de Maricá, no Rio de Janeiro. Depois soube-se que navio Solana Star estava sendo procurado e despejou todo seu arsenal de 22 toneladas de maconha no litoral brasileiro. As latas foram encontradas entre o litoral de São Paulo e Rio de Janeiro. A história é contada no documentário “Verão da Lata” (2014).