A palavra vegano define as pessoas que têm um estilo de vida que repudia produtos derivados de animais. Se for levado em conta os vegetarianos, que fazem concessões a ovos e leite, está se falando de um grupo formado por 17,5 milhões de brasileiros, de acordo com o Ibope. É exatamente esse contingente de consumidores que o paulista Gabriel Silva, 24 anos, espera conquistar com a grife de calçados Ahimsa. O negócio começou a ser estruturado em 2010, quando ele próprio aderiu ao veganismo. 

 

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Voo solo: Gabriel Silva deixou a carreira de ins­trutor de voo para fabricar calçados 

 

“Percebi que não fazia sentido deixar de consumir alimentos de origem animal, mas continuar usando outros itens com essa característica”, afirma o jovem empresário que largou uma promissora carreira de instrutor de aviação, iniciada aos 18 anos, quando morou nos Estados Unidos, para abrir a empresa. A produção calçadista, por sinal, não é exatamente estranha para Silva. Ele é herdeiro da Freedom Internatio­nal, que fabrica sapatos sob encomenda para grifes brasileiras, como Richards e Ellus. 

 

Para montar a Ahimsa, palavra em sânscrito que significa não violência, Silva raspou a poupança de R$ 30 mil, que juntou quando atuou como instrutor de voo. O volume modesto de recursos se deve ao fato de ter montado sua base dentro da Freedom. “Uso a estrutura, parte da mão de obra e as máquinas da empresa da família”, diz. Mesmo com uma divulgação incipiente e com as vendas limitadas à internet, o negócio, de acordo com o empreendedor, já atingiu o ponto de equilíbrio. 

 

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Natural ou reciclado: produtos usam lona de algodão, borracha biodegradável e PET pós-consumo

 

No primeiro trimestre, o faturamento foi de R$ 100 mil e a expectativa é chegar a R$ 200 mil no primeiro ano de atividade. Apesar da pegada vegana, Silva está de olho em todos os consumidores. Por isso, criou versões de modelos consagrados, como docksiders e chinelos, este último vendido a R$ 96. O preço, segundo ele, não leva em conta as dificuldades de obtenção de materiais como garrafas PET usadas, borracha biodegradável, cola à base de água e lonas de algodão orgânicos. “Nossos preços são similares aos de produtos convencionais.”