04/12/2002 - 8:00
O fenômeno já aconteceu com os automóveis. Agora é a vez das bicicletas irem buscar no passado a inspiração para novos modelos. Depois da febre das mountain bikes, que dominaram as ruas por quase dez anos, o mercado volta a apostar no estilo passeio, com formas arredondadas, bancos acolchoados e aros enormes. Até mesmo o velho bagageiro para carregar livros ou pequenos pertences foi reeditado, dando um tom romântico ao passeio. A
mais tradicional fabricante brasileira já fez sua aposta. Batizada
de EasyRider, em homenagem aos loucos anos 60, o modelo celebra a simplicidade. Mas se engana quem imagina um produto antiquado. A fabricante voltou, sim, às origens ? apenas no design. Por trás
do desenho retrô estão tecnologias das mais avançadas quando
o assunto é ciclismo, incluindo amortecedores nas duas rodas, guidão regulável e 21 marchas. ?O mercado tem momentos revolucionários. Apostamos que este seja um deles?, diz Marcos Bandeira, vice-presidente da Caloi.
A estratégia da Caloi vai além do lançamento de um novo produto. O que a fabricante brasileira pretende é disseminar o costume de usar a ?magrela? no trajeto de casa para o trabalho. Os executivos da empresa apostam na EasyRider como um meio de transporte. É claro que, no trânsito de São Paulo, a idéia parece inviável. Mas existem centenas de cidades no País onde as bicicletas podem muito bem dividir o espaço com os carros, sem perigo. Quando a Prefeitura do Rio inaugurou a ciclovia da Zona Sul, há mais de dez anos, as vendas da Caloi cresceram 25%. Em São Paulo, um dos exemplos a ser seguido é a cidade de Indaiatuba, interior do Estado, o maior consumidor do País. ?Vamos lembrar às pessoas o quanto é confortável e vantajoso andar de bicicleta?, diz Bandeira. Isso
não significa também que os produtos para trilha vão desaparecer. Mas a empresa aposta agora no potencial do asfalto. Até as
rodas da EasyRider foram desenvolvidas com esse objetivo: o
ciclista anda mais fazendo menos esforço.
A novidade chega às lojas apenas em fevereiro, mas o preço já está definido: R$ 1.000. Para o lançamento, a Caloi está convidando ONGs que atuam em projetos de proteção ao meio ambiente ? tudo a ver com os planos da companhia de vender o conceito de vida saudável. ?Estamos programando uma grande doação de bicicletas para entidades beneficentes?, diz o vice-presidente. Não é só a chegada da EasyRider que está animando a diretoria. Este ano, o faturamento da Caloi deve chegar a R$ 185 milhões, um crescimento de 25% em relação ao ano passado. É um número a ser comemorado, já que o aumento do dólar em 50% dos componentes fez aumentar o preço de seus produtos. ?A frota está sendo renovada, apesar de tudo?, diz Bandeira, que faz questão de andar de bicicleta em São Paulo. ?Estamos sempre pedalando, ou seja, vivendo o mundo dos nossos produtos?, justifica.