Quem vê a sóbria fachada vermelha da Action Corretora no ponto mais nobre da famosa Rua Augusta, em São Paulo, não desconfia. Mas ali, na esquina com a sofisticada Rua Oscar Freire, funciona o projeto-piloto da primeira casa de câmbio declaradamente gay friendly do País. Gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros são mais do que bem-vindos. ?Treinamos todo o nosso pessoal de atendimento para recebê-los com o respeito e a naturalidade que nem sempre se encontra no meio financeiro?, afirma o diretor comercial da Action, Danilo Trellesse. Naturalidade, por exemplo, para lidar com situações potencialmente constrangedoras, como receber um RG com foto e nome de homem de uma femininérrima drag queen. Pode parecer engraçado, mas quem opera numa das regiões mais ?descoladas? da cidade, que se tornou ponto de encontro da comunidade gay, acaba descobrindo que risinhos debochados atrás do balcão afastam uma clientela que outros setores já consideram estratégica. ?Criar uma loja exclusiva para homossexuais seria uma forma de segregação. Nossa estratégia é garantir que aqui eles receberão o mesmo tratamento que qualquer outro público?, apressa-se em explicar Trellesse.

Nos últimos quatro meses, promotores da Action vêm percorrendo bares, boates e restaurantes com clientela GLS para divulgar a política amigável da corretora. O resultado é imediato. Os negócios da loja da Rua Augusta registram um aumento da ordem de 15%, puxados por compras de moeda estrangeira pelo público alvo da campanha. ?Não surpreende?, diz Trellesse. ?De restaurantes a imobiliárias, todo mundo já descobriu o potencial da diversidade. A área financeira é que está atrasada.?

A aproximação com o universo gay faz parte da estratégia da Action de segmentar o mercado segundo seu bordão de marketing: ?câmbio certo do seu jeito?. A corretora já atende, por exemplo, as comunidades evangélica e católica. Isso significa desde freqüentar eventos como a Feira do Consumidor Cristão até desenvolver um cartão de débito internacional para missionários brasileiros. Há produtos para estudantes em intercâmbio, idosos que aproveitam a aposentadoria para cair na estrada e brasileiros que trabalham no exterior e remetem divisas regularmente para o Brasil.