06/09/2020 - 9:45
A casa, nem sempre, é um lugar seguro. Principalmente para as mulheres. Pesquisas apontam que sete em cada dez pessoas acreditam que as mulheres correm mais risco de sofrer violência dentro da própria casa. “Os números nos permitem dizer que temos violência doméstica em perto de 40% dos lares”, disse a diretora do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Melo. Em tempos de pandemia e de isolamento social, essa violência ficou ainda mais evidente.
O Caminhos da Reportagem deste domingo, às 20h, na TV Brasil, conversou com mulheres que conseguiram romper o ciclo da violência doméstica e criaram projetos para ajudar outras mulheres a fazerem o mesmo. Em comum? O amparo da lei Maria da Penha, que completou 14 anos no dia 07 de agosto, e uma forte rede de apoio, formada pela família, por amigos e vizinhos. A importância dessa rede é tamanha que alguns estados, como Fortaleza e Distrito Federal, aprovaram leis obrigando os condomínios a denunciarem casos de violência contra a mulher.
“O que eu entendo, como uma mulher que um dia foi vítima de violência, é que a sociedade ou é cúmplice ou é rede de apoio. Não tem meio termo”, afirma, taxativa, a jornalista Andressa Guerreiro, de Fortaleza. Andressa incentivou as mulheres a denunciarem a violência, a partir de um bilhete no elevador do prédio. A ideia viralizou nas redes sociais. “Em tempos de confinamento, tá todo mundo em casa, não tem desculpa”, explica.
A Adda Torres, de Brasília, também é uma sobrevivente da violência doméstica e ressignificou sua experiência criando a ONG Mulheres de Atitude, que já orientou cerca de cinco mil pessoas. A ONG oferece, gratuitamente, atendimento psicológico e jurídico, e desenvolve atividades de capacitação para as mulheres. “Não é fácil, mas conseguimos. Eu recomecei. Acreditei e restituí a minha história”, conta Adda, que aposta na prevenção.
A artista visual Panmela Castro usa o grafite como ferramenta para falar do combate à violência contra a mulher. Panmela criou uma metodologia considerada inovadora. “Ninguém quer ir numa palestra chata na escola ou no trabalho. Mas todo mundo quer ir grafitar, usar o spray. Então, a gente faz uma oficina, as pessoas conversam e durante duas horas elas grafitam sobre a violência doméstica. O grafite continua no local, multiplicando essa ideia”, explica Panmela. Ao longo do programa, o telespectador vai conhecer várias obras realizadas pelo projeto.
Além dessas histórias, nossa equipe conversou com a empresária e ativista Luiza Brunet, que sofreu violência doméstica e hoje atua encorajando outras mulheres a denunciarem. Também vamos mostrar projetos como o Mãos emPENHAdas, que capacita atendentes de salões de beleza para serem multiplicadoras de informações sobre a lei Maria da Penha, no Mato Grosso do Sul; o Tem Saída, que encaminha mulheres para o mercado de trabalho, em São Paulo; e a Ronda Maria da Penha, que garante o cumprimento de medidas protetivas, em Salvador.