O símbolo azul dos laboratórios paulistanos Campana pôde ser visto nas ruas de São Paulo de 1943 até fevereiro deste ano, quando o grupo Fleury extinguiu a marca, que comprara em 2008. Na época de sua aquisição, o Campana representou o maior negócio realizado pelo Fleury, exigindo um desembolso de R$ 96 milhões. Dinheiro suficiente para garantir a aposentadoria de muitos empresários. Mas o sobrenome de uma das mais tradicionais famílias na popularização do acesso do paulistano aos exames médicos não vai sumir do mercado nem mesmo abandonar o setor de saúde. O jovem Gustavo Campana, filho de Paulo Campana, dono e gestor por 35 anos da rede de laboratórios que leva o seu sobrenome, é o novo empreendedor do setor. Aos 34 anos, Gustavo acaba de criar a Interprax, holding voltada a prestar serviços para laboratórios e empresas farmacêuticas. 

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Nos bastidores: grupo dos sócios (da esq. para a dir.) Campana, Carmen e Kiffer terceirizará

processos para laboratórios e empresas farmacêuticas.

 

Para concretizar o plano, o empresário se associou a Carmen Paz Oplustil, autora de livros de microbiologia clínica, e ao infectologista Carlos Kiffer. Eles comandam três empresas. A primeira delas é a Formato Clínico, criada em 2009. Trata-se de uma consultoria de gestão e operações para laboratórios. A segunda é a Dhomo, lançada no mercado este ano. Ela opera uma rede de médicos, que pode ser acessada por centros de diagnósticos, quando surgem dúvidas sobre os resultados de algum exame. “Os laboratórios menores não têm escala para pagar por um conselho científico permanente”, diz Gustavo. O potencial para essa empresa é considerado gigantesco. Estima-se que existam mais de nove mil empresas de diagnósticos no País. 


O mercado é tão pulverizado que mesmo os grandes do setor, como o Fleury e o grupo Diagnósticos da América (Dasa), representam apenas 33% dos R$ 18,6 bilhões movimentados pela área em 2011. O terceiro negócio da Interprax atende a uma área em que o sobrenome Campana ainda é novidade. A GC-2 foi criada para terceirizar pesquisas clínicas para a indústria farmacêutica. A empresa conta com uma equipe de pesquisadores que realizam partes do processo de análise das drogas criadas pelas farmacêuticas. “As fabricantes nacionais querem se diferenciar por meio de aumento de pesquisas”, afirma Willian Fujioka, consultor de saúde da Frost & Sullivan. “Enquanto as multinacionais começam a olhar para o Brasil como um polo de pesquisas.”

 

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