O mês de janeiro começa com uma importante campanha: o Janeiro Branco, que alerta sobre os transtornos mentais. Dados divulgados pela Universidade de São Paulo apontam que o Brasil está entre os países que mais apresentam pessoas ansiosas e depressivas no mundo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 720 milhões de pessoas sofrem com doenças mentais – aproximadamente 10% de toda a população mundial. Para além dos desafios originados pela recente pandemia, lidar com os problemas de saúde mental da população tem despontado como uma das prioridades de instituições públicas e privadas. No Brasil, a campanha Janeiro Branco foi instituída justamente para chamar atenção para o tema.

+ Nova York quer internar à força pessoas com graves problemas de saúde mental

O mês de janeiro foi escolhido porque é nele que as pessoas estão mais focadas em resoluções e metas para o novo ano que se inicia. Para Laura Castro, sócia-fundadora e diretora de psicologia da Vigilantes do Sono, healthtech especializada no combate à insônia e que recentemente expandiu suas linhas de cuidado para atuar também em outros aspectos relacionados à saúde mental e ao bem-estar, foram observados diversos avanços no que se refere à discussão do tema, que até pouco tempo atrás era visto como tabu e pouco abordado fora das rodas de conversas entre profissionais.

“Falar sobre saúde mental tem ajudado muita gente a entender que se trata de um problema de saúde que, assim como qualquer outro, deve ser encarado com seriedade e cuidado. Campanhas como o Janeiro Branco visam a conscientização sobre a importância do tema ser mantido em pauta e desmistificar a busca por ajuda profissional quando necessário. Hoje está mais claro o quanto saúde mental é uma questão de saúde pública, ainda assim, há muito para evoluirmos na compreensão do papel das organizações em garantirem que novas políticas sejam desenvolvidas e implementadas, e visando resguardar um cuidado com menos estigma e abordado com a seriedade necessária”, diz.

Em meio a tanta informação sobre o tema, Laura ressalta que, um dos aspectos centrais quanto a conscientização da população, é sobre a importância de se ter cuidado com o autodiagnóstico.

“Muitas pessoas acreditam que um breve momento de tristeza ou dificuldade pode ser sinal de depressão, o que muitas vezes, infelizmente, é validado por profissionais de saúde. No entanto, o diagnóstico, que determina a decisão sobre a conduta terapêutica, é um dos temas mais complexos em saúde mental. Às vezes é demorado para que se estabeleça um diagnóstico e tratamento adequados, e esse é um ponto extremamente sensível para o qual ainda carecemos de conscientização e clareza, haja visto o excesso de medicalização do sofrimento que observamos hoje, com o consumo de psicotrópicos (antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos, etc) nas alturas, atingindo recordes anualmente. Diagnósticos e prescrições precipitadas estão muitas vezes entre as causas raiz de transtornos mentais, principalmente em crianças, adolescentes e jovens adultos, podendo traçar destinos catastróficos, impactando a funcionalidade por toda a vida ”, explica.