Desde o início da ofensiva russa na Ucrânia há um ano, as campanhas de influência a favor da Rússia se multiplicaram nas redes sociais, mas sem muita eficácia, anunciou a Meta, empresa que controla o Facebook e Instagram, nesta quinta-feira (23).

“Estamos vendo um número crescente de tentativas das redes russas de criar contas falsas” para fazer propaganda da guerra e espalhar desinformação contra a Ucrânia nas plataformas digitais, disse Nathaniel Gleicher, diretor das políticas de segurança do Facebook, em uma entrevista coletiva.

“Eles tentam de tudo para ver no que dá”, resumiu.

“Infelizmente para eles, essas contas têm muito poucos seguidores. A maioria é identificada e eliminada automaticamente antes que se possa criar uma audiência”, acrescentou Gleicher.

A empresa americana faz um balanço periódico de sua luta contra operações de manipulação em suas redes, seja espionagem, hacking ou desinformação.

Quando a Rússia invadiu a Ucrânia e intensificou a censura interna, a Meta tomou medidas para limitar a ação dos meios ligados ao Estado, chegando a bani-os na Europa, com base em exigências da União Europeia.

“Seis meses depois da invasão, observamos uma queda de 80% no engajamento no conteúdo dessas entidades”, destacou, especificando que isso ocorreu tanto na leitura quanto na interação.

Como resultado, esses atores passaram a se concentrar em “atividades clandestinas”, adotando táticas de envio de “spam” (lixo eletrônico) em vez de “operações sofisticadas como as que derrubamos no passado”, acrescentou.

Gleicher também informou que a empresa está monitorando de perto a possibilidade de atores maliciosos utilizarem a Inteligência Artificial (IA) para criar campanhas de desinformação mais efetivas.

O sucesso da interface ChatGPT, da startup OpenAI, capaz de gerar uma grande variedade de textos originais (escritos, slogans, e-mails, etc), preocupa muitos especialistas.

“Estamos vendo essas técnicas de IA generativas sendo usadas em operações, principalmente para criar fotos e imagens para ilustrar contas falsas”, reconheceu o dirigente.

“Mas os nossos sistemas rastreiam o comportamento (dos usuários falsos), não o conteúdo (…) Essas contas se comportam de maneira diferente das pessoas reais”, finalizou.