Eles mal chegam ao mercado e se transformam em sucesso de público. Muitas vezes acabam rapidamente fechados para captação, deixando interessados de fora, tamanha a procura. São fundos campeões de audiência, seja pela rentabilidade que atingem, pela segurança que proporcionam ou pelo cacife de quem está por trás do lançamento. O paradigma talvez seja o Gávea Brasil, da gestora do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. Lançado em agosto de 2003, o fundo captou meio bilhão de reais em apenas cinco meses e teve de ser fechado para digerir os investimentos. Na terça-feira 8, foi reaberto (por três semanas) para investimentos de no mínimo R$ 500 mil e no máximo R$ 5 milhões. Claramente, aqui, trata-se de pagar (caro) para ter um medalhão das finanças administrando seu dinheiro. O interessante, porém, é que nos últimos tempos têm surgido fundos igualmente sedutores para bolsos menos privilegiados.

No varejo, um dos casos de maior sucesso é o Multi Retorno Mais, do Santander. Criado em outubro de 2004, já abriu para captação outras três vezes. Atraiu 32,5 mil cotistas ? 22% dos quais não possuíam, até então, nenhum tipo de aplicação. ?O fundo tem sido responsável, inclusive, pela abertura de muitas contas correntes?, revela Márcio Appel, diretor de investimentos do Santander Asset Management. Neste caso, o apelo é a proteção contra solavancos do mercado. Mesmo nos piores momentos, a aplicação garante, no mínimo, o rendimento da poupança, um diferencial interessante para um fundo agressivo. O Multi Retorno Mais está fechado para captação, mas será reaberto até o fim do ano, com aplicação mínima de mil reais.

Na maioria dos casos, o que faz do fundo um campeão é a rentabilidade. Estrela da gestora de recursos carioca ARX Capital, o ARX Long Short virou vedete ao acumular retorno de 26,43% (176% do CDI) entre seu lançamento, em abril de 2005, e o final daquele ano. Levantou R$ 200 milhões. Animada, a empresa pôs no mercado um produto semelhante, mas com carência de 30 dias para resgate. Mesmo com a restrição, o fundo teve de ser fechado em cinco dias. Em fevereiro deste ano, foi novamente reaberto ? e fechado numa mesma manhã. Seu patrimônio já é de R$ 200 milhões.

Embora tenham estratégias de investimento distintas, fundos como esses têm algumas características comuns. Suas taxas de administração, por exemplo, ficam abaixo da média do mercado. Em compensação, esses fundos cobram taxa de performance, uma remuneração extra pelo resultado obtido pelo gestor. Estranho em um ninho de aplicações multimercado, o HSBC Performance é um fundo de renda fixa, ainda que fuja do feijão com arroz. Além de títulos públicos, sua carteira abriga CDBs, debêntures e recebíveis. Desde seu lançamento, em abril de 2005, a aplicação atraiu 1.520 cotistas. Parece pouco, perto dos 32 mil seduzidos pelo fundo do Santander. Mas este não é um fundo de varejo. O investimento médio ali é de R$ 900 mil. Por isso, é um sucesso no private bank do HSBC. O Performance está fechado no momento, mas deve reabrir para captar R$ 100 milhões até o fim deste ano. O aporte mínimo exigido será de R$ 300 mil.

CASOS DE SUCESSO

SANTANDER BANESPA
Fundo Multi Retorno Mais, que garante no mínimo o retorno da poupança, atraiu 32 mil cotistas e levou à abertura de contas.

HSBC
Aplicação de renda fixa apimentada com CDBs e debêntures tem aplicações mínimas de R$ 900 mil e é vedete do private.

GÁVEA INVESTIMENTOS
Fundo de Armínio Fraga atraiu meio bilhão de reais em apenas cinco meses de 2003. Foi reaberto na semana passada.

ARX
ARX Long Short virou estrela da gestora carioca ao acumular rentabilidade equivalente a 176% do CDI no ano passado.