01/07/2025 - 11:09
Ex-presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto assume nesta terça-feira, 1º, os cargos de Vice Chairman e Chefe Global de Políticas Públicas do Nubank. A data marca o primeiro dia após o fim da quarentena de seis meses obrigatória para ex-presidentes da autarquia antes de assumir cargos com possam configurar conflitos de interesse.
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Reportando-se diretamente ao CEO do Nubank, David Vélez, Campos Neto auxiliará no programa de expansão internacional do Nubank, com destaque para o relacionamento com reguladores financeiros globais e com análises econômicas para desenhar a estratégia de negócios de longo prazo do banco.
O anúncio de que o economista assumiria o posto havia ocorrido em maio, quando foi informado que o início dos trabalhos de Campos Neto no banco digital ocorreria logo após a quarentena.
Campos Neto passou seis anos à frente do Banco Central, indicado por Jair Bolsonaro em 2019 e reconduzido ao cargo em 2021 após a aprovação da independência da autarquia. Deixou o posto em dezembro de 2024, quando foi substituído por Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No BC, Campos Neto participou de diversas iniciativas de modernização no setor financeiro, como a criação do Pix, o início do Open Finance e a expansão dos bancos digitais.
Desconfortos com Campos Neto
Apesar de cumprir o prazo determinado pela legislação, a iniciativa de Campos Neto se diferencia de seus antecessores ao assumir um cargo logo após o período em um banco anteriormente supervisionado por ele.
Ilan Goldfajn (presidente do BC entre 2016 e 2019) entrou para o conselho do Credit Suisse e, depois, foi para o Fundo Monetário Internacional (FMI). Alexandre Tombini (2011 – 2016) também foi para o FMI. Já Henrique Meirelles (2003 -2011) assumiu a presidência da Autoridade Pública Olímpica.
Segundo informações do Valor Econômico, Campos Neto também causou polêmica pois apoiou Ana Carla Abrão para a presidência da estrutura da Open Finance no Brasil. Quem seguiu sua recomendação de voto teria se sentido ‘traído’ após o anúncio de sua contratação pelo Nubank. A economista foi indicada para disputar o cargo pela Zetta, associação de fintechs atualmente presidida pelo diretor global de Políticas Públicas do Nubank, Eduardo Lopes.
Segundo o Broadcast, a contratação provocou desconforto também entre os bancos tradicionais. Sob anonimato, fontes acusaram Campos Neto de favorecer o Nubank em discussões regulatórias quando esteve a frente do BC.