O ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto afirmou nesta terça-feira, 10, que não possui nenhuma crítica a fazer em relação à condução atual da política monetária do País, que vem aumentando a taxa Selic nas últimas atas do Comitê de Política Monetária (Copom). “Se eu estivesse lá, faria a mesma coisa”, disse durante evento da holding financeira B.Side, na capital paulista.

“Acho que eles têm feito um trabalho dentro do que dá para fazer, que é muito parecido com o que eu estaria fazendo”, continuou Campos Neto. “Então, não tem muito o que falar de política monetária, porque de fato não há nenhuma crítica para fazer. Não acho que a bola hoje está do lado da política monetária, está do lado da política fiscal.”

Ao ser questionado sobre a leitura de que o ciclo de alta na taxa básica de juros teria acabado, o ex-presidente do BC salientou que mesmo se a Selic (que está projetada para se manter a 14,75% até o final do ano) baixe para eventuais 13%, ela continuará alta. Para Campos Neto, não há credibilidade fiscal no Brasil para que a taxa retorne ao patamar de um dígito.

“Não acho que tenhamos condição de gerar uma credibilidade fiscal muito diferente da que há hoje. Nos últimos tempos, a taxa está restritiva. Também é verdade que quando iniciamos o movimento, existiam vários sinais que mostravam superaquecimento da economia”, explicou o ex-presidente do BC. “Os sinais de superaquecimento estavam em vários lugares – parte de importação, a parte da demanda agregada subindo mais – Assim, a taxa foi elevada. Quando saí do BC, houve gás de fazer mais algumas elevações.”

Campos Neto também criticou a postura do governo federal sobre a política fiscal, que tenta fazer a economia brasileira crescer por meio de estímulos à demanda.

De acordo com ele, a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acredita que a inflação é um problema de demanda, mas é de oferta na verdade.

Ainda sobre o Executivo, o ex-presidente do BC disse que há uma oportunidade (para a oposição ao atual governo) se aproximando em 2026 e que espera que a população brasileira “não deixe passar”.