20/12/2024 - 15:27
O economista Roberto Campos destacou a autonomia do Banco Central como uma das grandes conquistas do Banco Central durante sua gestão. “Eu acho que coloca a instituição a frente das pessoas, a frente das ideologias, a frente dos governos, a frente do tempo político, com um tempo diferente do tempo político, com tempo institucional mais adequado às características necessárias para o cumprimento das nossa missões”, disse.
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A fala ocorreu na última transmissão ao vivo no canal de YouTube do Banco Central em 2024. Foi a última vez em que Campos Neto falou a público como presidente do Banco Central. Em 1º de janeiro, o economista indicado pelo presidente Lula, Gabriel Galípolo, assume o posto.
Para Campos Neto, o modo como está ocorrendo a transição é justamente uma demonstração de força da autonomia da instituição. Defensor de que aberto de que a autarquia avance para uma autossuficiência financeira, além da operacional, o economista comentou no entanto que a independência não está concluída.
Outras conquistas de sua gestão destacadas por ele foi o maior reconhecimento da instituição pela população, principalmente pela criação do pix, e a criação de uma cultura de inovação na autarquia. Para além da ferramenta de pagamento instantâneos, o BC trabalhou sob a gestão de Campos Neto para introduzir no país o open finance, sistema bancário aberto para compartilhamento de dados, e para criar o Drex, a moeda digital brasileira.
Campos Neto celebrou também a implementação de regras para “reduzir a burocracia para emissão de renda fixa e variável, para ter um acesso mais amplo para pequenas empresas entrarem no mercado de capital”. “Se as grandes e médias empresas estão usando menos o balanço dos bancos, sobre espaço e como eles tem que rentabilizar o balanço, jogam para as pequenas empresas”, disse.
Quem é o economista que chefiou Banco Central entre 2018 e 2021
Neto do economista Roberto de Oliveira Campos, Roberto Campos Neto graduou-se em economia e fez especialização em finanças na Universidade da Califórnia na década de 1990. Em seguida, passou a atuar no mercado financeiro. Trabalhou no banco Bozano, Simonsen, que em 2000 foi incorporado pelo Santander.
Foi indicado para o Banco Central em 2018 pelo então presidente eleito Jair Bolsonaro. À frente da autarquia, ganhou notoriedade por sua defesa do projeto de autonomia do Banco Central, sancionada em 2021. Desde então, o ocupante do cargo máximo do BC exerce mandatos de quatro anos e não pode ser destituído pelo presidente da República.
Ao longo dos últimos dois anos, Campos Neto foi alvo de críticas do presidente Lula e de outras autoridades políticas devido ao patamar alto da taxa básica de juros no país. ““Como Banco Central, temos que ficar fora da arena política e tentar seguir com o trabalho técnico. E acho que é o que fizemos”, afirmou o economista em julho de 2024.