O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira, 21, que há uma crença no mundo de que há um processo de desinflação global em curso. De acordo com ele, é preciso ter atenção aos riscos existentes em torno dessa crença.

“Esperava-se que mercado de trabalho ficasse mais ‘folgado’, e isso não ocorreu”, disse ele, acrescentando que, em todos os lugares do mundo, o mercado de trabalho está igual ou ainda mais apertado do que no período pré-pandemia. Por isso, de acordo com ele, a desinflação não virá de um mercado com mão-de-obra com muito espaço.

Da mesma forma, segundo o presidente do BC, o nível de poupança das famílias está parecido ou melhor do que no período anterior à crise sanitária. “A poupança não ficará negativa e não vai frear o aumento de preços”, previu. Ele lembrou que o preço do petróleo vinha caindo, mas que, diante das tensões geopolíticas, esse movimento foi interrompido. O valor da commodity, observou Campos Neto, tem se comportado bem, mas, no mínimo, passará por um momento de alguma volatilidade. Apenas um acordo para o fim do conflito no Oriente Médio, segundo o presidente do BC, levaria mais calma ao mercado de petróleo.

Durante participação no evento “Fórum de Brasília”, organizado pela Arko Advice, Campos Neto comentou mais uma vez que a frequência de desastres naturais tem apresentado uma curva de crescimento quase exponencial. Ele reforçou que há uma relação direta entre desastres naturais e oscilação dos preços dos alimentos.

Assim como dito em sua palestra anterior, o presidente do BC comentou que a fragmentação de cadeias globais tem custo alto para as empresas. Ele salientou ainda que, apesar do movimento de alta dos juros nos Estados Unidos, não foi detectada uma redução dos preços dos imóveis no país.

Sobre o aumento da dívida, inclusive em países mais ricos, ele ressaltou que a necessidade de rolagem nessas economias deve retirar a liquidez de nações emergentes e do setor privado. O presidente do BC repetiu que o movimento nas economias internacionais está muito sincronizado desde a pandemia, com a entrada e, agora, saída de estímulos para a atividade.