O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira que a intervenção cambial feita pela autoridade monetária nesta semana “não teve nada a ver” com o movimento do câmbio, que é flutuante.

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Em evento promovido pelo Bradesco BBI, Campos Neto afirmou que a operação foi motivada por um vencimento de títulos públicos atrelados ao câmbio, e que isso foi expressamente pontuado na comunicação do BC, mas parte dos agentes não teria compreendido.

A autoridade monetária fez na terça-feira um leilão de swap cambial extraordinário, a primeira intervenção sob o governo Lula. Alguns analistas minimizaram a atuação do BC, enquanto outros duvidaram da intenção manifestada pela autarquia de apenas suprir uma demanda pontual gerada pelo resgate de um título atrelado ao câmbio, já que a operação veio depois de um salto recente do dólar.

“A nossa intervenção não teve nada a ver com o movimento do câmbio, a gente sempre diz que o câmbio é flutuante, é importante ser flutuante porque funciona como um elemento que absorve choques e redistribui os recursos de forma mais eficiente, mas a gente tinha uma NTN-A que ia vencer que achávamos que era grande e poderia ter alguma disfunção no dia”, afirmou.

Campos Neto disse que o BC apenas faz intervenção no câmbio quando detecta disfuncionalidades no mercado e acrescentou que o Brasil está com fluxo forte de recursos e possui reservas e que, por isso, “câmbio não deveria ser um problema”.

“Quando a gente olha ‘year-to-date’ (no acumulado do ano), o real está relativamente ok comparado com as moedas do mundo emergente”, acrescentou.

O dólar acumula alta de 4,27% frente ao real em 2024, segundo dados do fechamento de terça-feira.