13/08/2024 - 13:34
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que reformas estruturais que passem a percepção de melhora fiscal abrem espaço para um juro menor no País, mas ponderou que um ajuste fiscal pelo lado da receita é menos eficiente do que pelo lado da despesa. Essa é uma das críticas do mercado em relação ao ajuste promovido pelo governo Lula, que buscou ampliar a arrecadação e ainda não apresentou uma agenda consistente de redução de despesas.
“Quando a gente tem uma percepção que as contas públicas estão desorganizadas, dificulta o processo de convergência. A gente tem o que a gente chama de ancoragem gêmea. Eu preciso convencer que a minha política monetária no futuro vai funcionar e eu preciso convencer que a minha política fiscal no futuro vai funcionar. Se eu tiver um desentendimento entre essas duas dimensões, o custo para a convergência é maior”, disse ele durante audiência da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
Mais cedo, na mesma audiência, o presidente do Banco Central afirmou que apesar de não caber ao BC comentar sobre a política fiscal no País, a percepção do mercado é de que o tema será difícil para o País nos próximos anos, o que adiciona prêmio de risco ao Brasil.
Ele avaliou que parte da acelerada depreciação recente do real foi provocada por um movimento global, mas que características específicas do Brasil e de emergentes provocaram maior desvalorização.
Sobre o sistema financeiro nacional, Campos Neto disse que os bancos estão saudáveis, com índices de liquidez e capitalização adequados. “Na verdade, juro alto é ruim para o banco. Banco tem uma carteira de crédito que precisa ter securitização, que precisa ter giro e quando o juro é muito alto isso não acontece”, comentou.
Ele ainda afirmou que o crédito do SFN está relativamente saudável e que o patamar da Selic não faz o crédito subir. “A gente teve vários movimentos no passado em que caiu a Selic sem credibilidade e o crédito até caiu. É importante que a gente faça uma queda de Selic que tenha credibilidade para que o crédito possa cair”, disse, lembrando que nem sempre há sincronia entre juro longo e Selic.