O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu nesta terça-feira, 5, que a soma das reformas aprovadas nos últimos anos parece ter contribuído para aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) potencial do Brasil. Ele fez as afirmações enquanto comentava a surpresa positiva com o resultado do segundo trimestre, divulgado na última semana.

Em evento organizado pelo Julius Baer Group, Campos Neto lembrou que as estimativas do mercado indicavam, há seis ou sete anos, PIB potencial de 2,8%. Segundo o banqueiro central, economistas citavam medidas já aprovadas – como reforma da Previdência e reforma trabalhista – como fatores que aumentariam esse crescimento potencial. Mas as estimativas têm caído.

“Se pulo de oito anos para trás para este momento, diria que, do ‘top 10’, trabalhamos pelo menos uns oito. Você pode até dizer que não foi a reforma ideal, mas parcialmente endereçou o problema. Mas, se você olha a estimativa de crescimento estrutural hoje, ela não só não é mais alta, como é mais baixa”, disse ele.

O presidente do BC argumentou que as projeções mais baixas de crescimento estrutural podem mostrar uma “interferência” dos últimos seis anos, que foram muito ruins, nas projeções. E afirmou que as surpresas positivas com o PIB podem responder às reformas. “Talvez esse crescimento seja o poder cumulativo das últimas reformas que foram feitas, e não estou falando no último governo, mas em vários”, disse.

Sobre o segundo trimestre, Campos Neto destacou que houve surpresas na agropecuária, consumo das famílias e indústria. Ele destacou que o forte crescimento do PIB agro no primeiro trimestre pode ter um efeito de “transbordamento”.

Campos Neto ainda afirmou que o último dado de inflação foi maior que o esperado, mas que a inflação de serviços se manteve em tendência gradual de desaceleração. Em contrapartida, os outros itens tiveram desempenho pior do que o esperado.