12/09/2018 - 13:07
O Canadá está pronto para oferecer aos Estados Unidos acesso limitado ao mercado de laticínios canadense como uma concessão em negociações para retrabalhar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), disseram duas fontes canadenses com conhecimento direto da estratégia de negociação de Ottawa, de acordo com o jornal canadense Financial Post.
Segundo o jornal, os laticínios politicamente poderosos do Canadá provavelmente resistirão às mudanças nos controles de preços e às altas tarifas que os protegem da concorrência estrangeira. Mas com o prazo de 1 de outubro para renegociar os pontos do Nafta, o Canadá está preparado para oferecer concessões na indústria de laticínios similares aos acordos de livre comércio feitos com países da União Europeia e do Pacífico, disseram as fontes.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse ontem na Casa Branca que as negociações comerciais com o Canadá estão indo bem e que Ottawa quer fazer um acordo. Chrystia Freeland, ministra das Relações Exteriores do Canadá, retornou a Washington na terça-feira para conversações com o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer.
A indústria de laticínios protegida do Canadá é um dos três pontos de discórdia nas negociações do Nafta entre os dois países, juntamente com um sistema para resolver disputas comerciais e proteções culturais para empresas de mídia canadenses.
Os produtores de leite dos Estados Unidos demandam há muito tempo mais acesso ao mercado do Canadá e também estão insatisfeitos com a decisão canadense de permitir que os agricultores vendam produtos lácteos às processadoras do país por um preço mais baixo, cortando o suprimento americano.
Em troca de concessões de produtos lácteos, o Canadá poderia solicitar concessões norte-americanas ao chamado mecanismo de resolução de disputas do Capítulo 19, que permite ao Canadá combater as tarifas antidumping norte-americanas que Ottawa considera injustificadas. O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, disse que o mecanismo é crucial para um novo Nafta, mas o México já concordou em abandoná-lo.