07/05/2017 - 11:12
A comemoração neste domingo (7) de sua eventual vitória nas eleições presidenciais francesas tem para o social liberal Emmanuel Macron e para a candidata da extrema direita Marine Le Pen dois cenários diferentes, mas um ponto em comum: são lugares “neutros”, não associado a qualquer tendência política.
O pátio de entrada do Louvre, no caso do ex-ministro da Economia, e o Chalet du Lac, no caso da líder da Frente Nacional (FN), são afastados de vínculos partidários e em consonância com a vontade de ambos de se distanciar das grandes formações políticas do país. O primeiro pode acolher até 10 mil pessoas, um espaço muito mais generoso do que o de 1.400 lugares do complexo com restaurante, salão e terraços escolhido por Marine, no Bosque de Vincennes, por onde poderia estender a festa.
Ciente da atenção midiática, o Chalet pede em seu site que as pessoas não tirarem conclusões, porque, ao longo desta campanha e das primárias de centro-direita, ele foi escolhido por todos os tipos de candidatos: em cinco ocasiões por Macron e em duas pelos conservadores François Fillon e Alain Juppé.
Macron, da sua vez, parece ter escolhido o coração do Louvre, entre a emblemática Pirâmide e o Arco do Triunfo, por falta de opção. Os jardins do Champs de Mars, com a Torre Eiffel ao fundo, eram uma primeira escolha até que a Prefeitura declinou, por conta da visita da comissão de avaliação do Comitê Olímpico Internacional no próximo fim de semana.
A área poderia receber várias provas caso seja a cidade escolhida para sediar os Jogos Olímpicos de 2024, e a possibilidade de que a comemoração estragasse o gramado pouco antes da passagem dos inspetores pesou na decisão do governo municipal. A igualmente simbólica Praça da Concorde foi descartada por ter uma conotação muita “de direita”, de acordo com o jornal Le Figaro, após ter vivido os festejos pelas vitórias de Nicolas Sarkozy, em 2007, e de Jacques Chirac, em 1995.
A Praça do Trocadéro, do outro lado da Torre Eiffel, tinha sido palco muito recente de uma grande manifestação de conservadores para apoiar François Fillon na permanência de sua candidatura presidencial, apesar do processo judicial por corrupção em que está envolvido.
Já a Praça da Bastilha, onde François Hollande comemorou sua vitória em 2012, é associada muito à esquerda, bem como a da República, onde os parisienses saíram para repudiar, em 2015, os atentados jihadistas que a cidade sofreu.
O Louvre, segundo o Le Figaro tem a seu favor o fato de ser um patrimônio repleto de história, “mas não de política”. Com essa escolha, Macron tenta se afastar da polêmica que surgiu depois do primeiro turno, em 23 de abril, quando sua festa em um restaurante de Paris foi logo comparada à celebração de Sarkozy em maio de 2007 no luxuoso “Fouquet’s”.
Os primeiros resultados serão conhecidos pouco depois do fechamento dos colégios eleitorais às 20h (horário local, 15h em Brasília) de hoje. A tensão e o trabalho da ampla equipe de segurança, com 12 mil agentes só em Paris e mais de 50 mil em todo o país, ficaram refletidos hoje no esvaziamento da frente do Louvre, depois que cães da Polícia detectassem “sacos suspeitos” em na sala de imprensa.