Esquecidos nos últimos dois anos, os fundos de capital de risco, que aplicam os recursos dos cotistas na compra de participações em empresas, voltam a ocupar lugar de destaque entre as alternativas de aplicações em 2006. O BNDES sozinho vai lançar nove fundos dessa modalidade nos próximos meses e investirá neles R$ 260 milhões de capital próprio. Em cada uma das aplicações, o banco público terá uma participação minoritária, entre 20% e 30%. Serão três fundos de private equity, que aplicam em companhias já bem estruturadas ? em cada um dos quais o banco aplicará, no máximo, R$ 60 milhões, e a taxa de administração será limitada a 2%. Os outros seis fundos serão destinados a empresas emergentes. Neles, a cota do BNDES será de R$ 20 milhões, e o custo da aplicação poderá chegar a até 2,5%. O restante das cotas das aplicações será oferecida a investidores de alta renda, com mais de R$ 1 milhão para aplicar. Também neste ano, entrará em operação o maior fundo de capital de risco da América Latina, o Lapef III. Gerida pela americana Advent Internacional, a aplicação tem em caixa US$ 375 milhões para distribuir em várias companhias latinos-americanas.

Tanto no caso dos fundos do BNDES como no da Advent, o período de captação de investimentos terá início até fevereiro. Outras gestoras do ramo, a Rio Bravo e a Stratus, também estudam a venda de cotas de seus fundos nos próximos meses. Apesar de ser uma opção interessante de investimento, com retornos de até 20% ao ano, este tipo de fundo apresenta uma série de restrições. ?É preciso deixar os recursos aplicados por no mínimo sete anos?, exemplifica Patrice Etlin, sócio da Advent. Isto porque estes fundos apostam na compra de participações em companhias jovens, com bom potencial de crescimento, para lucrar com a venda futura da cota do negócio. Quem tem esta disponibilidade de prazo, no entanto, encontra chances de retorno superiores à média das aplicações convencionais. O primeiro fundo da Advent, por exemplo, triplicou os recursos dos seus cotistas desde seu lançamento, há cinco anos. A melhor maneira de realizar o lucro nesse tipo de aplicação é por meio da abertura de capital da companhia.

Os riscos de perda, por sua vez, são proporcionais à possibilidade de ganho. ?No longo prazo, os cenários econômicos afetam o crescimento das empresas?, alerta Erwin-Theodor Russel, gestor da Advent.