O sucesso da franquia de livros para colorir Bobbie Goods está impulsionando títulos semelhantes no Brasil como o CapyVibes, da dupla Gabriel Dearo e Manu Digilio. Lançado em 16 de maio e vendido por R$ 39,90, ele aparece na 6ª posição entre os mais vendidos em junho, ranking no qual “Bobbie Goods” ocupa as primeiras quatro posições.

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Publicado pelo selo Tatu-Bola, da editora Planeta, CapyVibes vendeu 10,8 mil cópias em menos de dois meses. Diretor editorial responsável pela publicação, Felipe Brandão afirma que o número coloca o lançamento já entre os maiores sucessos do ano.

Lançamentos para colorir são frequentes no mercado editorial brasileiro. “Sempre vão vender uma média boa”, afirma Brandão. “Às vezes alguma coisa diferente vem e transforma isso num boom. Dessa vez, o fenômeno do TikTok ajudou muitíssimo”, complementa.

Inicialmente pensado para crianças e adolescentes, o Bobbie Goods tornou-se um sucesso entre os adultos impulsionado por trends nas redes sociais. O CapyVibes seguiu o mesmo caminho.

O livro CapyVibes, da série "As Aventuras de Mike", criada por Gabriel Dearo e Manu Digilio
O livro CapyVibes, da série “As Aventuras de Mike”, criada por Gabriel Dearo e Manu Digilio (Crédito:Divulgação)

As adaptações de CapyVibes

As semelhanças entre CapyVibes e Bobbie Goods não são acidentais. O livro brasileiro já estava planejado há pelo menos um ano e meio. Porém, após o sucesso da série para colorir estrangeira nas redes sociais, a editora decidiu adaptar CapyVibes para a pintura com canetas especiais.

O best-seller brasileiro integra a franquia As Aventuras de Mike, cujos 12 volumes já venderam mais de 1,5 milhão de livros. Pensada para a faixa etária de oito a doze anos, foi lançada pelas sucursais da Planeta em diversos países da América Latina, além de Portugal e Estados Unidos.

CapyVibes traz cenas cotidianas da capivara Robson com sua família. O personagem surgiu em 2019 como mascote do protagonista de “As Aventuras de Mike”. 

Nos desenhos assinados pela ilustradora Mack, os bichos aparecem em cenas cotidianas: assistem televisão, comem pizza, vão à padaria, brincam na piscina. Detalhes nas cenas fazem referências a outros livros da série. O traço infantil dos animais em cenas do dia a dia também lembra Bobbie Goods.

Os criadores do livro brasileiro são o casal de youtubers Gabriel Dearo e Manu Digilio, que desde 2015 produz conteúdo infanto-juvenil em vídeo. Atualmente, eles gerenciam quatro canais que somam mais de 23,4 milhões de inscritos.

Manu Digilio e Gabriel Dearo seguram placa comemorativa de 1 milhão de cópias vendidas da franquia "As aventuras de Mike"
Manu Digilio e Gabriel Dearo seguram placa comemorativa de 1 milhão de cópias vendidas da franquia “As aventuras de Mike” (Crédito:Divulgação)

Com um público cativo na internet, a dupla está acostumada ao sucesso editorial. “Todos os livros que a gente lança esgotam em 24 horas. Fazemos lives de lançamento, e eles normalmente já esgotam”, diz Digilio. No caso do novo volume para colorir, o fenômeno das pinturas com canetinhas deu um impulso extra.

Os autores acreditam que o tema das capivaras também alavanca as vendas.

“As capivaras estão muito em alta, né? Você vê por aí crianças com roupa de capivara, mochila de capivara… Mas quando a gente lançou os livros não não era tão forte assim. Então temos um pouquinho de culpa nisso”, brinca Dearo.

Assim como ocorreu com Bobbie Goods, o livro a princípio infantil está atraindo outras faixas etárias, sobretudo mães das crianças e adolescentes fãs da série. “A gente está numa época com muito estímulo visual, muita dopamina, informações, com o cérebro muito acelerado. Pintar acaba sendo uma pausa, uma atividade mais lenta que ajuda a acalmar a mente e reduzir a ansiedade”, analisa Dearo.

O fenômeno Bobbie Goods

O diferencial dos livros de colorir Bobbie Goods são um papel com gramatura especial e páginas com desenho em apenas um lado, para possibilitar uma pintura com canetas especiais ao invés do lápis de cor.

“Livros de colorir funcionam independente de ser um fenômeno ou não. Eles sempre venderam a média de um livro normal no Brasil: 5 ou 6 mil livros por ano. Quando tem esses fenômenos, a gente fala de 5 a 8 mil livros em uma semana”, comenta Brandão.

A editora já planeja outros lançamentos na mesma linha, como uma versão de Alice no País das Maravilhas para colorir com ilustrações de Renata de Souza, e O livro de colorir da Nanathis, com desenhos mais adultos elaborados por Nath Araújo.

Outras editoras também estão aproveitando o boom para lançar lançam livros nos padrões de gramatura e impressão de Bobbie Goods. Entre os mais vendidos em 2025, aparecem três da série Comfy days, ilustrada por Aleksandra Bozhbova e publicada pela Ciranda Cultural, com formato semelhante ao novo fenômeno das redes sociais. Até Romero Britto lançou um livro de colorir nos mesmos moldes.

Brandão exemplifica a demanda por esse tipo de publicação com outro livro de colorir da editora Planeta, A princesa desastrada. “A gente já tinha contratado há uns dois anos esse livro de colorir da ilustradora. Ele não foi pensado para as canetinhas especificamente. Mas como virou uma febre, as pessoas reclamam muito agora”, diz.

Para o editor, o novo boom dos livros de colorir ajuda todo o mercado.

“Tem toda a discussão se é livro, se não é livro, se deveria estar na lista de mais vendidos ou não, mas eu vejo de forma positiva. É muito interessante porque traz um público novo para a livraria, que podem se descobrir leitores”, conclui.