Em sua primeira aparição diante dos chefes executivos municipais neste ano, o presidente Lula foi recebido entre vaias e aplausos. A situação, que define bem a polarização política que o Brasil enfrenta, foi alvo de grande parte do discurso do petista. Segundo ele, é preciso impedir que a disputa ideológica-política tire o foco em uma gestão de boa qualidade. “A eleição não pode permitir que percamos a civilidade”, disse. O discurso envolveu ainda uma explanação sobre o papel de um prefeito, que não depende de partidos políticos. “Quando assumimos um cargo de gestão, deixamos do lado de fora a bandeira política. Governamos para todos”, afirmou. O principal ponto de reivindicação por parte dos líderes municipais que estavam em Brasília na 25a edição da Marcha dos Prefeitos para o governo federal é o alto endividamento das cidades, fator que tem colocado 84% delas em alerta operacional, com possibilidade de prejudicar o andamento da máquina pública. “O governo apresentará novo prazo para financiamento de dívidas previdenciárias dos municípios com renegociação de juros e teto máximo de comprometimento da receita corrente líquida”. Segundo ele, o governo também trabalha para acelerar o envio de recursos via PAC, mas depende de aprovação do Legislativo. Em aberto no discurso de Lula, no entanto, ficou a questão da desoneração da folha de pagamento do funcionalismo público, questão que tem colocado em rota de conflito Judiciário, Executivo e Legislativo, e ainda não tem resolução.

Internacional
EUA dizem não a Lula

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse que Washington não é a favor de criar um imposto global para a riqueza de bilionários. A ideia é aventada por países como o Brasil e a França. O governo do presidente Lula quer aproveitar a presidência brasileira do G20 para discutir a questão. “Acreditamos na tributação progressiva”, afirmou Yellen, citada pelo jornal Wall Street Journal. Ela declarou que os EUA “não apoiam nenhum acordo global comum para tributar bilionários com receitas redistribuídas de alguma forma”. Ela disse: “Isso é algo que não podemos assinar”. A proposta do governo brasileiro seria um imposto mínimo global de 15% de multinacionais. A implementação dessa taxa tem enfrentado obstáculos por parte dos EUA e de outros países. Parece que não vai ser fácil.

Alerta
94% dos municípios já tiveram alerta da calamidade

(Ricardo Stuckert)

Com a tragédia no Rio Grande do Sul colocando luz a falta de infraestrutura dentro das cidades, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) apontou que 5.233 cidades brasileiras, ou 94% das unidades federativas municipais, foram afetadas pelo menos uma vez por eventos que resultaram em decreto de situação de emergência ou estado de calamidade pública, entre os anos de 2013 e 2023. O impacto nas populações desses locais foi de 2.667 mortes e os prejuízos somaram R$ 639,4 bilhões. Segundo o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, apenas as prefeituras somaram ao longo dos anos pesquisados um prejuízo de R$ 81 bilhões, em função desses eventos. “De tudo isso, o governo federal autorizou R$ 9,5 bilhões, nesses anúncios ao longo desses anos de todos os governos, e o que foi pago foi R$ 3 bilhões”. O número de moradias afetadas por desastres, que chegam a 2,6 milhões, sendo que desse total, 115 mil habitações foram totalmente destruídas, somando um prejuízo de R$ 36,2 bilhões em moradias.

Indicador
Supermercados cresceram 10% em 2023

O setor supermercadista registrou crescimento de 10,1% em 2023, movimentando cerca de R$ 300 bilhões, divulgou a Associação Paulista de Supermercados (Apas). Isso representa 9,3% do Produto Interno Bruto (PIB) paulista e 2,8% da economia nacional.No ano passado, São Paulo arrecadou R$ 3,2 milhões, um crescimento econômico de 0,8% em relação ao ano imediatamente anterior. Os 23 mil estabelecimentos presentes no estado foram responsáveis por 4,9% do total arrecadado de ICMS, o equivalente a R$ 9,5 bilhões.

Mercado de trabalho
Menos desalento

Com a melhora do mercado de trabalho nos últimos três anos, o número de trabalhadores que buscam emprego há mais de dois anos caiu ao menor patamar para um 1º trimestre em nove anos. Segundo o IBGE, a chamada “taxa de desemprego de longa duração” ficou em 22,2% no primeiro trimestre deste ano, com 1,9 milhão de pessoas desocupadas há dois anos ou mais. Esse número é 6,1% maior do que o observado no trimestre imediatamente anterior, mas representa uma queda de 14,5% em comparação ao mesmo período de 2023. No primeiro trimestre de 2015, eram cerca de 1,4 milhão de desocupados há mais de dois anos

Termômetro
Famílias querem consumir mais

Com o bom desempenho do Desenrola (que foi prorrogado por mais dois meses), a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) avançou 1,3% em maio, descontados os efeitos sazonais. Esse é o segundo resultado positivo consecutivo do índice, apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O indicador apresentou alta em todos os componentes. No comparativo com maio de 2023, o aumento foi 6,4%. A ICF está em 102,9 pontos, na zona de satisfação (em que se encontra desde agosto do ano passado). O índice que mede a satisfação dos consumidores em geral com o acesso ao crédito cresceu 2,2% no mês, impulsionado pelas quedas consecutivas da taxa Selic. Em maio, 31,4% dos entrevistados consideraram mais fácil o acesso ao crédito, o maior percentual desde abril de 2020.

R$ 228,87 bi

Foi o montante arrecadado pelo governo federal em abril, alta real de 8,26% sobre um ano antes, o melhor desempenho desde 2000. No acumulado dos primeiros quatro meses do ano, o volume arrecadado alcançou R$ 886,642 bilhões, 8,33% mais que em 2023