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Rodrigo, da Bresser: foco em fundos ativos, que buscam retorno superior ao das carteiras atreladas ao Ibovespa

 

Da conservadora Caixa Econômica Federal à arrojada Mauá Investimentos, gestoras de recursos com tradição em outros mercados decidiram, quase ao mesmo tempo, lançar fundos de ações. Parada no tempo havia anos, a categoria está na moda novamente e ganhou a atenção de bancos de varejo e gestoras independentes. É o caso da Claritas Investimentos, que tinha sua estratégia focada em multimercados e lança agora seu primeiro fundo de ações, administrado pela Hedging-Griffo. E da própria Mauá, do ex-BC Luiz Fernando Figueiredo, que abre o Mauá Bolsa para captação na quinta-feira 1. O pano de fundo, claro, é o excepcional momento da Bovespa ? que na semana passada ultrapassou pela primeira vez a marca dos 46 mil pontos ? e a queda dos juros, que força o investidor a aceitar mais risco em troca de melhor rentabilidade. Mas há mais do que isso. As empresas brasileiras já não estão mais tão baratas e, por isso, é difícil encontrar as chamadas barganhas. Daí a oportunidade para fundos de ações, com equipes 100% focadas na análise de ações. Em vez de simplesmente acompanhar o Ibovespa, os gestores serão cada vez mais obrigados a escolher com eficiência os papéis com melhor potencial. Assim, é possível ter um mercado acionário sem as mesmas altas dos últimos anos, mas com muitas oportunidades de ganho.

 

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Maria Fernanda, da CEF: especialista em cadernetas, Caixa tem fundos de ações com aplicação mínima de cem reais

 

 

A promessa dos novos gestores de renda variável é obter retornos superiores aos do Ibovespa no longo prazo. Em muitos casos, a remuneração deles depende disso. O Mauá Bolsa, por exemplo, terá uma taxa de administração bem razoável para a categoria, de 2% ao ano. Mas cobrará taxa de performance de 20% sobre o rendimento que exceder o Ibovespa. A aplicação inicial é de R$ 100 mil e, a partir daí, a movimentação mínima é de R$ 50 mil. Além disso, haverá carência de 89 dias e taxa de 10% para resgates.

Que não se imagine, porém, que fundos de ações são produtos para poucos. A necessidade de popularizar esse tipo de investimento levou a Mercatto a abrir um novo fundo, o Mercatto Seleção, com aplicação mínima de R$ 10 mil. O Mercatto Estratégia, fundo de ações tradicional da gestora, exige um mínimo de R$ 50 mil. Em compensação, a taxa de administração do fundo novo é de 3%, contra 2% do mais velho. De resto, a diferença é apenas o nível de alavancagem. ?São fundos parecidos, com os mesmos gestores e as mesmas estratégias?, diz Gustavo Goulart, analista econômico do Mercatto. Na base deste mercado, os fundos da Caixa Econômica exigem aplicações iniciais que variam de cem reais a mil reais. Este último é o novíssimo Ibovespa Ativo, que tem taxa de administração de 3% ao ano e visa ao que o banco considera um público mais qualificado. ?É uma alternativa para quem quer uma rentabilidade maior?, diz Alessandro Cruzolini, gerente nacional de Renda Variável da Caixa. ?Neste fundo, podemos colocar ações de segunda linha, o que não fazemos nos investimentos que replicam o Ibovespa?, explica.

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Figueiredo, da Mauá: tarifa de administração é de apenas 2%, mas há taxas de performance e de resgate

 

O abandono dos fundos atrelados aos índices de ações da bolsa é a principal tendência desse setor, segundo Rodrigo Bresser-Pereira, da Bresser Asset Management. Veterano entre esses gestores, com um fundo de ações aberto desde 2004, ele aposta numa perda de espaço para os chamados fundos passivos, que apenas acompanham os grandes movimentos da bolsa. Mas adverte: ?É preciso saber que, quanto mais ativo o fundo, maior o risco. E quanto maior a oferta de ações, maior a exigência de boas estratégias?.

R$ 43 bilhões é o patrimônio líquido total dos fundos de ações

R$ 12 bilhões é o total aplicado em fundos ativos ligados ao Ibovespa

R$ 1bilhão é o patrimônio dos fundos que apenas seguem o Ibovespa