27/03/2002 - 7:00
A placa ?vende-se? na fachada do prédio que abriga o quartel-general da Microlite, em Guarulhos (SP), não significa que a empresa esteja liquidando seus ativos para sair do atoleiro. Ao contrário. Os negócios da companhia, dona da marca Rayovac de pilhas e lanternas, aparentemente vão bem, obrigado. As receitas líquidas de 2001, por exemplo, cresceram 13%, atingindo R$ 150 milhões. Para este ano, a expectativa é avançar no mesmo patamar: ?O 13 é um número cabalístico e vamos repeti-lo?, brinca Fernando Faria, diretor comercial da Microlite. Ele diz que a decisão de desfazer-se do terreno de 25,9 mil metros quadrados ? onde já funcionou uma das três fábricas da Microlite ? é a última etapa de um ambicioso programa de reestruturação, iniciado em 1998.
Foi naquele ano que entrou em cena o grupo alemão Varta, que, em parceria com o Banco Sul América, assumiu a companhia fundada pelo imigrante polonês Zygfryd Flank. O objetivo era tornar a companhia mais eficiente para resistir ao assédio das concorrentes Panasonic e Gillette (leia-se Duracell) e manter a liderança, com 54% do mercado.
A partir daí, a racionalização de custos virou uma obsessão. A produção foi concentrada em Pernambuco ? ponto estratégico para as vendas nas regiões Norte e Nordeste, onde a companhia detém 87% do mercado. O corte atingiu ainda o quadro de pessoal: o número de funcionários encolheu de 1,3 mil para 800. Também foi dada prioridade à pesquisa de novos materiais e ao desenvolvimento de produtos. ?Investimos R$ 17 milhões nos últimos cinco anos?, lembra Faria. Boa parte deste montante foi usado na criação da pilha ?ecológica? (que não utiliza mercúrio e cádmio em sua composição), lançada no início do mês. De acordo com o executivo, o produto será a ponta-de-lança para ampliar as exportações e conquistar mercados importantes na Europa e na Ásia. As vendas externas devem crescer 47% , atingindo 63 milhões de pilhas. ?Pretendemos triplicar as exportações em dois anos?, aposta Faria.
A prioridade absoluta, porém, continua sendo o consumidor local. A companhia ? que vende 432 milhões de pilhas por ano ? prepara-se para fortalecer a atuação no eixo Sul-Sudeste. Os investimentos em marketing e promoção consumir neste ano 2% das receitas.